O autocaravanismo encontra-se em grande expansão pela Europa. Aqui pode ficar a saber um pouco da sua história, do equipamento, dos tipos de autocaravanas, bem como alguns conselhos de compra, manutenção e condução.

Basicamente, uma autocaravana é constituída por 2 partes, uma parte preparada para proporcionar condições de habitação temporária e outra parte mecânica, para permitir meios de locomoção autónomos.

O aumento do número destes veículos permitiu o surgimento do fenómeno designado por turismo itinerante em autocaravana. Que, em oposição ao turismo de hotel, permite a descentralização do turismo e proporciona aos seus proprietários a visita e descoberta de locais em que não existe qualquer infra-estrutura de apoio ao turismo, nomeadamente hotéis e similares.

Índice

  1. Pequena história do autocaravanismo
  2. Razões para a aquisição de uma autocaravana
  3. Tipos de autocaravana
  4. Factores a ter em conta na escolha
  5. Equipamento
  6. Mecânica
  7. Condução de uma autocaravana
  8. Carga útil
  9. Água
  10. Electricidade
  11. Gás
  12. Manutenção
  13. Áreas de serviço e de pernoita
  14. Comportamento dos autocaravanistas


Pequena história do autocaravanismo

A história do autocaravanismo é quase tão antiga como a do próprio automóvel.

As primeiras autocaravanas apareceram por iniciativa de privados, e ainda hoje se podem ver alguns exemplos de clássicos dos anos 20 e 30 aos quais, partindo de um vulgar veículo de transporte, se tentou juntar a funcionalidade de casa móvel.

Mais tarde no início dos anos 50, com o primeiro aparecimento das famosas "VW camper's", iniciou-se verdadeiramente o processo de produção e comercialização de autocaravanas. Apareceram também, em Inglaterra, alguns furgões transformados pela "Dormobile".

Em Portugal, é possível encontrar testemunho de aquisição de alguns destes modelos durante os anos 60 e 70, bem como transformações feitas por particulares, nas VW e nas famosas Citroen HY. No final dos anos 70, começaram a ser comercializadas as primeiras autocaravanas capucine, baseadas na Ford Transit, havendo até uma clássica, com a porta de entrada da célula localizada a meio da traseira que terá vendido provavelmente algumas dezenas de unidades, sendo ainda possível encontrar um modelo ou outro destes em circulação.

Anos 60 – Austin J4, transformada por Dormobile

Anos 60 – Austin J4, transformada por Dormobile

Anos 60 – Volkswagen Westfalia

Anos 60 – Volkswagen Westfalia (via Bulli Boys)

Anos 60 – Citroën HY ainda em actividade

Anos 60 – Citroën HY ainda em actividade

Finais de 70/80 – Uma CI AutoHome vendida nova em Portugal, ainda em actividade

Finais de 70/80 – Uma CI AutoHome vendida nova em Portugal, ainda em actividade

Durante os anos 80 foram aparecendo mais empresas a dedicarem-se ao fabrico de autocaravanas, com adaptação progressivamente maior do chassis Fiat Ducato, e também dos gémeos Peugeot J5 (mais tarde Boxer) e Citröen C25 (mais tarde Citröen Jumper). Em Portugal foi-se assistindo ao aumento de produtores e importadores de autocaravanas mas, no entanto, durante os anos 80 o mercado manteve um número de vendas discretas. A partir dos anos 90, e principalmente nesta década, assistimos a um incremento significativo, mas mesmo assim estamos a falar de valores percentuais bastante baixos se comparados com os nossos parceiros europeus, sendo que tal como nos automóveis, tem-se assistido à importação de unidades usadas para alimentar o mercado.

O certo é que aos poucos as nossas estradas vão ficando povoadas de autocaravanas de matrícula portuguesa.


Razões para a aquisição de uma autocaravana

Poderá haver muitas razões que levam uma família a optar pelo esforço financeiro de adquirir uma autocaravana. Pensamos, no entanto, que a principal será o tipo de viagens que só uma autocaravana permite fazer. Falamos evidentemente do turismo itinerante, que permite diversificar os locais de visita, sem preocupações de reservas de alojamento antecipadas, e sem necessidade de se cumprir um plano de viagem rígido, em completa oposição com o turista que viaja de avião para um destino. Sendo realistas poderemos dizer que este tipo de viagens, com outra viatura, mesmo que criteriosamente planeadas, serão muito difíceis de realizar.

A sensação de liberdade que proporciona e abstracção de horários rígidos, quando se tem fome, come-se, quando se tem sono, dorme-se – esta é uma sensação exclusiva para os proprietários de autocaravana.

É indescritível a sensação que se tem o contemplar do interior de uma autocaravana quando neva lá fora, se avista uma praia com ondas e sol de Inverno, ou...

A utilização de uma AC durante as férias e os fins-de-semana acaba por trazer uma relação muito próxima entre pais e filhos. Muitas vezes, os tempos livres no interior são ocupados com jogos ou outros passatempos, o que acaba por ter um efeito benéfico na relação familiar.

Acima de tudo a opção de compra será sempre uma opção por gosto e não por motivos económicos. Se considerarmos o valor de aquisição, mais encargos anuais com seguro, manutenção, e acrescentarmos depois os gastos em combustível, e toda a despesa que por norma o autocaravanista faz nas povoações que visita, resultam valores suficientes para proporcionar umas férias magnificas num hotel de luxo, num qualquer destino paradisíaco, se fosse essa a opção.

Só que quem gosta do tipo de férias que só uma AC possibilita, não a troca por dinheiro nenhum.

O AC é um modo de ser, uma forma de estar, uma maneira de viver.


Tipos de autocaravana

As autocaravanas podem-se dividir nos seguintes tipos:

Furgões transformados

Tomando como base um furgão para transporte de mercadorias ou passageiros, são feitas as adaptações necessárias com vista a aumentar o isolamento térmico e acústico, e adicionado o mobiliário e equipamentos necessários a que seja possível utilizá-la do ponto de vista habitacional. É mantida toda a chapa de origem, com alguns cortes para janelas, para portinholas (da cassete do WC por exemplo), grelhas de frigorifico, etc.

Em relação ao tecto tanto pode manter-se o de origem, como pode ser modificado para ser flexível com possibilidade de ser elevado e assim ganhar altura habitável quando se está parado, mantendo neste caso o valor de altura original, facilitando o acesso a parques cobertos. Outras variantes podem levar um tecto fixo mais alto que o modelo de base, para aumentar o espaço e conforto habitável.

Alguns modelos de dimensões mais reduzidas poderão não ter uma verdadeira casa de banho.

Em Portugal recebem a designação de autovivendas.

Furgão transformado

Furgões transformados

Vantagens: Descrição (passam muitas vezes despercebidos), as suas capacidades estradistas, o consumo, e a facilidade de manobra dentro de zonas mais apertadas.

Desvantagens: o menor espaço habitável, principalmente nas cotas de largura e altura.

Capucino

O nome capucino deriva das características que estes modelos têm de a carroçaria prever um espaço sobre a cabine de condução de origem do veículo suficientemente grande para albergar uma cama de casal permanente.

Assente sobre um base tipo chassis-cabina (outras variantes são possíveis como a plataforma-cabina), mantendo a cabina do veículo comercial, com a parte de trás aberta para permitir a passagem da zona de condução para a zona habitável.

Toda a parte habitável interior e exterior é totalmente construída de raiz. Os veículos deste tipo são familiares por excelência, basta pensar que, no mínimo, dispõem de uma cama de casal permanente, apesar de haver depois várias configurações as mais comuns são as que dispõem de um duplo beliche, que normalmente são o feudo das crianças, ou mais uma cama de casal, sobre um compartimento vulgarmente apelidado de garagem que pode albergar bicicletas, motas, para além dos acessórios de exterior por exemplo, para além destas haverá sempre a possibilidade de converter uma ou mais mesas de refeição em camas de recurso.

Vantagens: Espaço, habitabilidade, e lotação.

Desvantagens: Altura total externa, com reflexos na aerodinâmica e na sensibilidade aos ventos laterais e um maior consumo de combustível.

Autocaravana Capucino

Capucino

Perfilada

De definição muito semelhante ao anterior, mantêm igualmente a cabine de condução do modelo comercial que lhe dá origem. A maior diferença surge num perfil aerodinâmico que faz a ligação com a célula habitável, sendo que os construtores tentam integrar o seu design no prolongamento da cabine de condução, que vai subindo até ficar na altura necessária ditada pelo conforto e espaço necessário à parte habitável.

O público-alvo deste tipo de autocaravana são casais sozinhos sendo que, normalmente, a sua configuração usual é uma cama de casal permanente longitudinal ou transversal. Neste último caso pode ser sobre uma garagem. Adicionalmente, poder-se-á recorrer a uma cama de recurso, feita a partir da mesa de refeições para algum conviva de circunstância.

Autocaravana Perfilada

Perfilada

Vantagens: A menor altura exterior com reflexo positivo na aerodinâmica, melhor comportamento em estrada e consumos mais reduzidos.

Desvantagens: Menor lotação em termos de lugares de dormida.

Integral

Para alguns, trata-se da verdadeira autocaravana. É construída sobre um chassis totalmente nu, sendo que assim a cabine já tem a mesma altura e a mesma largura que o resto da parte habitável.

Nestas autocaravanas, a cabine de condução está integrada na parte habitável com a rotação dos bancos da frente a integrarem-se perfeitamente num enorme salão que faz as delícias do convívio no final do dia. O enorme pára-brisas proporciona uma excelente visão frontal aos passageiros que viajam na célula.

É comum encontrar nestes modelos uma cama por cima da zona de condução, que permanece recolhida durante o dia e que se baixa facilmente à noite. A nível estético, tem sofrido uma evolução significativa nos últimos anos, depois das primeiras fazerem lembrar autenticamente umas “caravanas” com motor, temos assistido nos últimos anos a realizações esteticamente bastante elaboradas.

Vantagens: Enorme habitabilidade, mantendo uma altura inferior à dos capucinos, e uma superior aerodinâmica.

Desvantagens: Preço superior. Poder-se-á eventualmente questionar a protecção em caso de colisão frontal, em comparação com os modelos que mantêm a cabina original do veículo comercial, o maior custo para substituição do pára-brisas, e eventualmente das peças frontais, podendo até no caso de veículos mais antigos ser extremamente difícil de encontrar as peças de substituição para resolver um pequeno azar.

Autocaravana Integral

Integral


Factores a ter em conta na escolha

Para seleccionar a autocaravana que mais se adapta a si deve elaborar uma lista dos factores mais importantes e das suas reais necessidades, como, por exemplo:

  • se pretende performance na estrada e maneabilidade em cidade;
  • o número de pessoas que vão usar habitualmente a autocaravana;
  • se os filhos são ambos do mesmo sexo ou de sexo diferente;
  • que importância dá ao espaço e conforto quando parado;
  • se há necessidade de levar uma moto ou bicicleta;
  • outros aspectos a que dê importância.

Por exemplo, se a utilização preferencial é a dois, o espaço habitável quando parado não é factor decisivo e pretende um veículo com boas performances, maneável e discreto, um furgão transformado (vulgo auto-vivenda) é possivelmente a escolha acertada. Há alguns que, em termos de condução, se assemelham a um grande monovolume.

Se a utilização continua a ser a dois, mas pretende mais espaço habitável quando parado então a opção deverá recair sobre um perfilado ou um integral compacto. Se necessitar de transportar veículos de duas rodas, então poderá optar para uma cama fixa sobre garagem. Vendidos em número mais reduzido, existem alguns capucinos extremamente compactos, pensados, de facto, para uma utilização a dois. A única cama permanente é a do capucino, têm depois a mesa de refeições, a cozinha – de grandes dimensões, por vezes – e a casa de banho.

Se o agregado familiar é grande então a escolha deve recair sobre um capucino ou um integral com boa capacidade em termos de lugar de livrete e lugar de dormida. Se os seus filhos não gostam de dormir juntos, ou se são de sexos diferentes, então o melhor é pensar numa versão de beliches, se pelo contrário são do mesmo sexo e até se entendem a dormir juntos, poderá ser precioso um grande espaço de arrumação e então um capucino ou integral garagem poderá ser a escolha acertada. A integral tem a vantagem do salão da frente mais espaçoso. Existem alguns modelos com mesa de refeições em "U" (vulgo salão em "U"), na parte de trás em substituição da garagem, permitindo um largo convívio.

Tenha, no entanto, atenção aos lugares de livretes – lotação que pode ser usada com o veículo em andamento. Devido à carga útil mais reduzida quanto maior é a autocaravana, assistimos muitas vezes a que AC's com 7 lugares de dormida correspondentes a uma cama de capucine, mais 2 beliches, uma mesa de refeições grande (transformável em cama de casal) e uma mesa de refeições pequena (transformável em cama individual) tenha simplesmente 4 lugares de estrada. Sendo que é mais comum encontrar 6 lugares de livrete em capucinos de entrada de gama compactos, com beliches e uma só mesa de refeição.

Outro factor que deve ter em conta é a autonomia em termos de água e energia eléctrica. Se for uma pessoa que não prescinde de umas boas horas de leitura ou uma sessão de TV à noite, é aconselhável que tenha em atenção a capacidade da bateria da célula, uma de 95 ou 100 ah é recomendável. É igualmente aconselhável que a reserva das águas limpas tenha uma capacidade de pelo menos 30 litros por cada pessoa que irá habitualmente utilizar AC.

Já em relação à carga útil, é conveniente fazer as contas de modo a que fique ainda com folga depois de considerar o peso dos passageiro que irão habitualmente viajar acrescidos de 20 kg (para objectos pessoais, roupas etc.) por cada um. Se está a pensar a usar a autocaravana de Inverno por zonas de clima rigoroso, opte para AC's com bom isolamento térmico, com um potente aquecimento quer seja a gasóleo ou a gás, e tenha ainda atenção ao isolamento do deposito das águas usadas, que deverá ficar no interior ou em alternativa ter um sistema de aquecimento, caso contrário corre o risco de não o conseguir esvaziar por estarem as águas congeladas.

Não descure aspectos como o tipo de torneiras instalado, que de preferência devem ser do tipo mono comando para permitir uma economia superior, o número e tipo dos bicos do fogão se está prever preparar pratos mais elaborados, a luminosidade interior e preste atenção à qualidade e fixação dos armários, é bom não esquecer que vão ter suportar as vibrações e os buracos da estrada. Normalmente há pormenores que só na compra da segunda AC já não são descurados, como, por exemplo, numa cama de casal, a existência de uma única luz de leitura ou de 2 luzes separadas.

Em relação à mecânica, tenha em atenção que, por exemplo, um grande capucino, com uma fraca aerodinâmica e um grande peso, não conjuga bem com um motor de mais baixa cilindrada. O motor terá tendência para estar a ser usado sempre perto do limite o que poderá comprometer a sua longevidade. Atenção ainda à suspensão e o tipo de pneus com que vem equipada, não esqueça que uma AC passa sempre um período de tempo considerável parada, e normalmente o seu peso está sempre próximo do máximo.

Se mesmo assim acha que não se consegue decidir sobre o modelo adequado, existe a possibilidade de Aluguer – existem vários firmas que se dedicam ao aluguer de autocaravanas e poderá assim desfazer algumas dúvidas. Por outro lado, para começar poderá eventualmente ser uma opção a ter em conta explorar o mercado de usados, que está em pleno crescimento, e aí encontra variados modelos.


Equipamento

Fogão, lava-loiças, frigorifico, lavatório, sanita, duche, armários de cozinha e casa de banho, roupeiros, aquecimento da água e ambiente, mesa de refeições, depósitos de águas limpas e sujas, e bateria auxiliar serão itens comuns e expectáveis de se encontrar numa autocaravana.

Depois, à medida que formos subindo em termos de gama, poderá ainda encontrar itens como cabine de duche separada por porta rígida, ar condicionado de célula e cabina, caixa de velocidades automática, estofos em pele, aquecimento de estrada adicional, frigorifico grande com congelador separado, forno e/ou micro-ondas, máquina de lavar loiça, tectos de abrir panorâmicos, aquecimento a gasóleo, painel solar, toldo lateral, antena de televisão, número e tipo de luzes interiores, nos modelos mais luxuosos o televisor de plasma pode mesmo já vir de série. Sem esquecer os auxílios à condução, como câmara ou sensores de marcha atrás.

Nos modelos de acesso, itens como estrado de ripas na cama que permitem evitar a condensação dos colchões podem não estar disponíveis, bem como é normal os colchões serem de qualidade inferior.

No entanto, tenha em conta que se vai adquirir um modelo de categoria de ligeiros, todo o equipamento pesa e vai reduzir a carga útil disponível, pelo que deverá pensar bem qual o equipamento que de facto necessita, sobre pena de depois ter um equipamento que não usa mas que lhe está a roubar no valor de carga útil.


Mecânica

Regra geral a mecânica base de uma autocaravana é a de um veículo comercial do tipo chassis-cabina ou plataforma cabina. A excepção são os furgões adaptados (auto-vivendas), que, como o nome indica, são construídos sobre um veículo comercial de carroçaria fechado e mantêm-na com algumas pequenas alterações.

Tratando-se de veículos comerciais, a sua base é já de si robusta mas, apesar disso, normalmente a marca fornecedora do chassis fornece o veículo com algumas adaptações (vulgarmente designada por CampingCar pack), para que o veículo suporte melhor a utilização com o peso constantemente próximo da capacidade máxima.

Se nos primeiros tempos de autocaravanismo era comum encontrar veículos a gasolina e diesel, presentemente com a evolução que os diesel têm sofrido com a vulgarização dos turbo diesel e dos modernos sistemas de injecção directa e common rail, praticamente a oferta passou a ser totalmente a diesel (talvez possa existir alguma rara excepção mas não nas marcas conhecidas e difundidas). Regra geral, estamos perante motores com um nível de potência suficiente para conseguir velocidades de cruzeiro aceitáveis, mesmo nas subidas. Deve-se evitar, dentro da medida do possível, a sub-motorização que poderá acontecer caso se opte pelas versões bases de motor em autocaravanas de maior porte. Para estes casos, deve-se evitar os motores de 2 litros.

Uma das questões que divide preferências é a tracção à frente versus tracção traseira. As vantagens da tracção dianteira são o permitir uma altura do chassis ao solo mais baixa, libertar mais espaço no chassis para depósitos e outros equipamentos que o construtor pretenda implementar, devido à ausência do veio de transmissão, menor consumo de combustível devido a menores perdas na transmissão. Vantagem ainda é a maior facilidade de adaptação de chassis especiais para autocaravanas, como por exemplo o famoso "AL-KO".

A desvantagem mais notória será a menor tracção em terrenos difíceis, nomeadamente em areia e lama, onde tem mais tendência para se atolar, e em arranque em subidas acentuada, com condições de aderência difíceis como chuva, neve ou gelo.

A tracção traseira tem como desvantagens o maior consumo, a maior altura do chassis pela presença do veio de transmissão, o espaço mais limitado na parte inferior do chassis para colocar depósitos, o maior peso do chassis derivado ao facto de se ter um veio de transmissão ao longo do veículo e ao diferencial traseiro e ainda um eventual nível sonoro mais elevado, causado por ressonância do veio de transmissão. Como vantagens, podemos falar da superior tracção, nomeadamente no arrancar para a frente, situação onde a transferência de massas aliado ao peso já de si elevado da AC, provoca uma grande força de tracção sobre as rodas traseiras. Se se tratar de uma variante de rodado duplo, então esta vantagem está potenciada ao máximo, sendo esta configuração ideal para os grandes capucino.

Os modelos de gama superior poderão vir equipados com o que é denominado de chassis AL-KO. Trata-se de um chassis construído por um fabricante que constrói bases para caravanas e que substitui o chassis do veiculo comercial de origem, por um concebido de raiz para vocação de autocaravana, sendo rebaixado (permite um melhor centro de gravidade) tem a via traseira alargada (maior distancia entre rodas atrás), e a suspensão por molas de laminas original é substituída por uma independente pneumática. Este chassis, para além de permitir uma mais baixa altura total, um melhor comportamento em estrada e conforto acrescido, prevê logo espaços para colocação de alguns acessórios como depósitos de água limpa e suja baterias, etc.

A suspensão pneumática aqui referida para o chassis AL-KO, pode ser usada também nos chassis clássicos, com vantagens nomeadamente ao nível de estabilidade, manutenção da altura ao solo e conforto. Tudo uma questão de usar a pressão adequada às condições de carga e circulação da altura. Não estando presente a suspensão pneumática, certifique-se que a AC em causa utiliza uma suspensão reforçada.

Em relação aos pneus, não sendo condição obrigatória, o facto de estarmos perante pneus campings pode ser uma mais valia. A vantagem dos pneus camping em relação aos dos veículos comerciais de base é terem uma estrutura reforçada para melhor suportar as condições de carga permanentes com períodos de imobilização por vezes bastante grandes.


Condução de uma autocaravana

A condução de uma autocaravana, mesmo que de grande porte, não é tão difícil quanto o seu tamanho poderia deixar antever. Ao fim e ao cabo, é grande e pesada mas não vamos levá-la ao colo.

A condução de uma autocaravana é agradável, descontrai e não é, na minha opinião pessoal, de modo nenhum cansativa. Se estiver perante um furgão transformado ou um pequeno perfilado, acaba por ser muito semelhante a um grande monovolume.

Mesmo que tenha optado por um capucino de grande porte, vai acabar agradavelmente por concluir que os seus receios iniciais eram infundados, e afinal até é bastante mais fácil do que esperava.

Deixamos aqui alguns conselhos para que se mantenha ao abrigo de surpresas desagradáveis:

  • tenha sempre presente as dimensões do seu veículo. Isto vai-lhe permitir, perante os sinais que dão conta de uma via com alguma cota de altura ou largura máxima, saber se o veículo excede ou não esses valores;
  • conduza sempre com a máxima suavidade, evitando golpes bruscos no volante (não se esqueça das consequências que pode ter num veículo desta altura);
  • mantenha-se atento, para que possa sempre antecipar as travagens;
  • evite acelerações bruscas. Sempre que possível, arranque com suavidade, com um mínimo de pressão no acelerador. Com isto, irá reduzir o desgaste no motor mas também poupará bastante em termos de combustível e, não menos desprezável, diminuirá a emissões de poluentes;
  • sempre que esteja perante zonas históricas de povoações de que não tenha conhecimento prévio não se aventure por lá, evita assim surpresas desagradáveis;
  • importante igualmente é manter-se atento a varandas ou ramos de árvore mais baixos, de modo a não provocar estragos na parte superior da AC, em especial nos modelos capucinos.

Distância entre eixos

Autocaravana a dobrar esquina

Distância entre eixos

Quanto maior for a medida deste valor, maior atenção deve ser dada nas manobras de viragem, convêm dar um algum desconto antes de virar, de modo a não acontecer como na foto, em que a roda traseira irá subir o passeio. Para o ajudar nas manobras mantenha-se atento ao espelho do lado para que vai virar, e tente descobrir um ponto de referência, que lhe permita identificar a posição da roda de trás no espelho, e quando esse ponto passar pelo obstáculo a contornar, significa que o iremos vencer sem mais dificuldades.

Comprimento em falso atrás do eixo traseiro

Os franceses e os italianos têm um nome para o designar (Porte-a-Feux e sbalzo, respectivamente). Esta particularidade de design que nas autocaravanas atinge valores relevantes, com bastante influência na condução. Basicamente o que acontece é que este "vão" tem tendência para ir para o lado contrário em relação à manobra que estamos a efectuar. Na imagem que serve de exemplo, nota-se que a secção referida da AC subiu um pouco um passeio, sendo necessário algum cuidado com os peões ou outros obstáculos em situações semelhantes.

Autocaravana a fazer marcha atrás

Comprimento em falso atrás do eixo traseiro

Tenha particular atenção nas descidas de montanha bastante acentuadas. Lembre-se que a velha máxima de descer na mesma velocidade que o faria para subir, já não se aplica aos modernos motores common rail.

Sem querer entrar em linguagem muito técnica, no fundo o que se passa é que, há 20 anos atrás um motor de 2500 cm3 a gasóleo teria cerca de 80 cv, com a AC carregada no máximo, teria que vencer um declive por exemplo em 1ª ou 2ª, e teria uma capacidade de travão motor suficiente para segurar o carro em descida em 2ª. Com os motores actuais o mesmo motor de 2500, ganhou muitos cavalos, terá cerca de 130 ou 140 cv, será capaz de fazer essa mesma subida provavelmente em 4ª, mas a capacidade de travão motor diminui ligeiramente em relação a quando tinha 80, devido a que os modernos motores trabalham com taxas de compressão mais baixas, logo menor capacidade de efeito travão motor sem falar que as relações de caixa igualmente se tornaram mais longas para acompanhar o aumento de potência.

Solução: circular numa velocidade mais baixa do que faria para subir, por exemplo: subiu em 4ª, desce em 3ª, se vê que o veículo mesmo assim tem tendência para ganhar velocidade, engrene uma velocidade mais baixa (nunca menos que a 2ª), não se preocupe com o grito do motor, mas NUNCA faça as descidas com o pé sempre no travão, pode correr o risco de os sobreaquecer e quando precisar de parar o veículo não o conseguir.

Um truque que pode usar, desde que não tenha trânsito atrás, é com o veículo em 2ª, travar até quase parar o veículo e a seguir largar o travão e deixá-lo ir com a 2ª engatada até por exemplo aos 40 km/h, altura em que aplica novamente uma travagem até quase parar o veículo. Durante esse espaço de tempo em que o veículo ganha velocidade os travões estarão a arrefecer e manter-se-ão sempre com boa capacidade de resposta quando necessário.


Carga útil

Um factor a considerar nas autocaravanas é a sua carga útil. O seu cálculo resulta da diferença entre o peso em vazio (inclui todo o equipamento da AC + condutor com peso estimado de 75 kg, reservatório de gasóleo e de águas limpas a 90% e 1 bilha do gás a 90%), e o peso total máximo autorizado (peso bruto). O valor de peso bruto mais comum nas AC's é de 3.500 kg, sendo que acima deste valor as AC's passam a pertencer à categoria de veículos pesados.

O valor de carga útil nas autocaravanas actuais é bastante apertado, sem dúvida reflexo do esforço para equipar cada vez mais as autocaravanas e privilegiar o conforto a bordo. Como o peso bruto, em termos legais, se mantém nos 3.500 kg, significa que se deve fazer uma utilização rigorosa da AC, eliminando tudo o que é supérfluo e levando apenas o que é indispensável. No caso de ter um modelo com garagem, é frequente haver valores de carga máxima para a mesma, o que exige algum cuidado visto que o espaço disponível é tanto que rapidamente se pode ultrapassar o valor indicado.

Um pouco por todo o país, pode encontrar básculas self-service onde, a troco de algumas moedas, pode confirmar o peso da sua AC, com todo o seu equipamento e bagagem, verificando assim se se mantêm ou não dentro da legalidade.


Água

A água é um elemento de extrema importância no nosso dia a dia e, como tal, igualmente vital na autocaravana. Aliás costuma dizer-se que a água é fonte de vida.

É surpreendente como, ao princípio, parece que o depósito da água não dá para quase nada e depois, com o acumular de experiência, com facilidade se obtêm uma autonomia para depósitos médios de 100/120 litros, de pelo menos 2 dias para 2 adultos e 2 crianças, sendo que estamos a falar da higiene, lavagem de louça e preparação de alimentos. Houvesse assim em casa uma utilização tão racional deste bem tão precioso!

Vamos aqui tentar dar umas dicas, para ajudar a gerir melhor a água, bem como acessórios que podem ajudar em termos de abastecimento de água.

O equipamento de água da autocaravana é constituído por:

  • depósito(s) de águas limpas;
  • bomba de água;
  • tubagens;
  • torneiras;
  • depósito(s) para recolha das águas usadas;
  • aparelho para aquecimento de água.

Outro elemento importante mas que não está presente em todas as AC's é o vaso de expansão:

Vaso de expansão

Vaso de expansão

Basicamente o vaso de expansão tem no seu interior ar comprimido a uma determinada pressão e consegue fazer a distribuição da água de forma regular mesmo quando se abre pouco a torneira. Significa isto na prática que, quando se tem um vaso de expansão no circuito pode-se abrir a torneira muito pouco sem provocar desgaste na bomba, sendo que a bomba trabalha sempre na máxima potência mas a intervalos regulares. Pode facilmente detectar se a sua AC vem ou não equipada com vaso de expansão se, ao abrir um pouco a torneira, a água vier incerta, bem como ouvirá o ruído de funcionamento da bomba incerto mas sem pausa.

Na escolha da sua AC, se possível, dê preferência a um modelo que tenha as torneiras do tipo mono comando que permitem poupar água na altura da regulação da temperatura da água, até porque ao fim de algum tempo a experiência, já nos diz em que posição a colocar para a temperatura desejada.

A capacidade dos depósitos de água limpa da autocaravana ronda em média os 100 litros, podendo ir dos 50 aos 150 litros nos modelos mais comuns. Por outro lado os depósitos para recolha das águas usada, é regra geral igual, mas é possível que seja inferior. Se a diferença não for muita, não causa grandes transtornos se pensarmos que usamos água para fazer a comida, bem como para a sanita, que é recolhida num depósito próprio.

Algumas regras básicas para economizar água.
  • As torneiras devem-se abrir no fluxo mínimo utilizável para o fim pretendido;
  • Feche sempre a torneira:
    • quando lavar os dentes;
    • quando lavar as mãos, enquanto as esfrega com o sabonete;
    • quando toma um banho, durante o tempo em que aplica o gel e o champô.
  • Não lave a louça com água corrente;
  • De preferência, utilize um detergente de louça biodegradável e que faça pouca espuma;
  • Na passagem da louça, em que, por questões de higiene, todos gostam de o fazer com água corrente, faça-o com a torneira pouco aberta e tenho um recipiente onde possa ir depositando a louça, sem perda de tempo, e só depois de toda passada se dedique à secagem e arrumação;
  • Vá experimentado geles/sabonetes/champôs, para encontrar aquele que necessitem de menos água para saírem depois de aplicados.

Também é conveniente munir-se de alguns acessórios, de modo a tornar o abastecimento de água o mais simples, confortável e rápido possível. Aconselha-se uma boa mangueira com cerca de 15 metros e vários acessórios de ligação para vários tipos de torneira. Encontra-se à venda estes acessórios adaptáveis a várias torneiras com e sem rosca

Acessórios para torneiras

Acessórios para torneiras

Encontra-se igualmente mangueiras que devido a ficarem espalmadas e terem um sistema que espreme toda a água no processo de enrolar, ficam extremamente compactas e leves

Enrolador de mangueiras

Enrolador de mangueiras


Electricidade

Outro sistema bastante importante numa autocaravana é o sistema eléctrico. Dele fazem parte a bateria da célula que é independente da do motor, o carregador de baterias, uma central de controle, a iluminação, a bomba de água, ventiladores, o frigorifico tri-mixte, o amplificador da televisão, as tomadas de 220 V e 12 V, e eventualmente acessórios adicionais como painel solar, conversor 12 V/220 V, gerador de corrente.

A bateria da célula está separada da bateria do veículo, através de um acessório separador, complexo ou simples como um relé. Quando o veículo está em marcha, assim que a bateria chega a uma voltagem de cerca de 13.5 V o relé activa-se permitindo que as duas baterias fiquem ligadas, e que o alternador do veículo carregue também a bateria da célula. Quando desligamos o motor, o relé corta novamente a ligação, impedindo assim que se corra o risco de descarregar a bateria do motor.

Os valores de uma bateria são expressos em 2 parâmetros, a tensão medida em volts (no nosso caso 12), e a capacidade em ampères.

As baterias clássicas são de chumbo e contêm um electrólito à base de ácido sulfúrico. Existem também as de gel, também chamadas de descarga lenta. Basicamente estas últimas resistem melhor às descargas profundas mas também têm a desvantagem de levarem mais tempo a recarregar.

Analisando as características dos aparelhos que temos a bordo, podemos fazer um calculo aproximado dos consumos diários de energia e se a nossa bateria tem a capacidade suficiente para os satisfazer sendo que a potência dos aparelhos é medida em Watts.

Por exemplo, a utilização de uma lâmpada durante as 3 horas do serão – se estivermos perante uma lâmpada economizadora de 16 W, temos então 16W/12V = 1.3 Ah × 3 horas provocamos um consumo na nossa bateria de 3.9 Ah. Durante essas 3 horas, a televisão esteve ligada – numa televisão de 44 W teremos 44W/12V = 3.66 Ah × 3 = 10.98 Ah. Então num serão em que só se utiliza 1 luz e a televisão, já gastamos cerca de 15 Ah da nossa bateria. A estes valores temos de acrescentar as lâmpadas que se acendem mais ocasionalmente, a bomba de água, o aquecimento ou a ventoinha da clarabóia, etc., e com facilidade se chega no serão a um consumo na ordem dos 20 Ah, ou mais.

Se a bateria for de 100 Ah facilmente somos levados a pensar que ainda resta muito. Só que numa bateria, isto é valido até consumirmos mais ou menos metade da sua capacidade, ou seja neste exemplo, 50 Ah. A partir daqui temos que entrar em linha de conta com outro factor que é a queda da tensão.

Uma bateria bem carregada deve ter uma tensão entre 12.8 e 13.5 Volts, esta ligeira sobretensão é normal e indicativa de uma bateria bem carregada. Quando em utilização rapidamente a tensão passa para os 12 Volts, conseguindo normalmente manter-se estável em volta deste valor, acabando por descer muito suavemente até aos 11 Volts, valor normal quando consumimos cerca de metade da capacidade da bateria. Atenção que abaixo deste valor, algumas centrais da célula se desligam como medida de precaução. Esta quebra também pode ser verificada após ter efectuado algum consumo e se o consumo instantâneo estiver num valor alto, por outras palavras ter vários aparelhos a funcionar em simultâneo. Neste caso se desligar algumas das fontes de consumo, verificamos a tensão a subir.

De modo a aumentar a vida útil da bateria, principalmente se estivermos a falar de baterias de chumbo, nunca se deve esgotar a sua capacidade (nas de chumbo no máximo devemos utilizar 40/50% da sua capacidade), do mesmo modo deve ser mantida normalmente totalmente carregada.

Se as necessidades eléctricas são muito grandes e se o espaço e a capacidade de carga o permitirem, poderá montar uma 2ª bateria da célula, não se esqueça é que se leva mais tempo a descarregar, igualmente levará mais tempo a carregar.

Para carregar as baterias, para além do alternador do veiculo, tem o carregador de baterias a 220 Volts com que vem equipado a sua autocaravana e ainda poderá equipar a sua autocaravana com um painel solar, fonte de energia ecológica e particularmente eficaz no nosso país, onde mesmo de Inverno se tem um tempo de exposição solar interessante. Mesmo quando está guardada, se houver passagem da luz do sol é um modo de ter a bateria sempre carregada, além que aos primeiros raios de sol matinal se dá inicio à recuperação da energia gasta durante a noite. Para tirar partido de um painel solar, aconselha-se a opção por um painel com um nível de potencia mínimo na ordem dos 85 W, que na pratica significa que na altura de máxima captação solar obtém-se uma carga de cerca de 7 Ah.

Para além disso pode ainda optar por geradores de corrente, vantajoso em termos de disponibilização energética em qualquer lugar seja de noite ou de dia. No entanto desaconselha-se de todo esta solução pelo ruído e poluição que provoca.

Técnica recente, as pilhas de combustível constituem outro modo de carregar as baterias de um modo totalmente automático, entram em funcionamento sempre que a tensão da bateria desce para um determinado valor e desligam-se quando a tensão normaliza, utilizando como combustível o metanol e sendo bastante mais silenciosas que o gerador clássico.

Um factor a ter em conta ainda, tem a ver com o diâmetro dos cabos. Quando estamos em presença de tensões baixas como é este caso, um cabo muito fino, após alguns metros pode-se obter uma tensão de 2 Volts a menos que no inicio do circuito. Pode causar o não funcionamento por exemplo de uma TV. O segredo? Cabos grossos e distâncias curtas, principalmente para aparelhos mais gulosos, de modo a haver um mínimo de perdas.


Gás

Particularmente importante no Inverno, não deixa no entanto de ter o seu papel no verão.

É usado para os bicos do fogão, para o frigorífico, quando estamos parados e não há ligação aos 220 V, e para o aquecimento da água e ambiente, excepto para os modelos equipados com sistemas a gasóleo.

Em relação a este assunto, sempre que se utilize a AC de Inverno e o compartimento das bilhas do gás seja no exterior e estanque para o interior aconselha-se o uso de propano, se não for esta a configuração do compartimento deve usar-se o butano.

Deve dar-se particular atenção ao prazo de validade dos tubos dos gás e o estado geral de todo o sistema.

Existem alguns acessórios tendentes a aumentar o conforto, como é o caso dos inversores que comutam para a bilha de reserva, quando a de serviço fica vazia, e outros a aumentar a segurança, como é o caso dos SecuMotion, um corte de alimentação quando o fluxo ultrapassa um determinado valor predefinido, sinal claro de alguma ruptura ou outra deficiência, sendo que com este sistema é legal circular com o gás aberto em países como a França onde tal era interdito, uma mais valia principalmente para quem tem frigoríficos com AES – Automatic Energy Selection, ou, em Português, Selecção Automática de Energia – ou no Inverno, quando se trata de modelos sem aquecimento adicional de estrada para a célula.

É possível ainda trocar estas bilhas convencionais por depósitos de GPL, com dimensões semelhantes a um bilha e que assim podem ser colocadas no compartimento reservadas às mesmas. Uma vantagem, nomeadamente para deslocações mais demoradas ao estrangeiro com a condição de haver locais de abastecimento de GPL nos países visitados.

Se a sua solução passa pela utilização de butano, existe uma solução interessante para poupar peso, trata-se obviamente das novas bilhas ligth.

Para mais informações sobre o gás, consulte o documento completo, em "Técnicas e Bricolage" deste Portal.


Manutenção

A manutenção divide-se em 2 áreas. A manutenção da parte mecânica deverá ser feita numa oficina auto, normalmente na marca da viatura.

A manutenção ao nível da célula deveria ser feita no representante da célula e deve incidir numa verificação da estanquecidade, do estado das juntas, de modo a prevenir as infiltrações, verificação de funcionamento dos aparelhos e estado de fixação dos móveis.

Deve ser ainda verificado com frequência o estado das tubagens e do redutor do Gás e de um modo geral de todo o sistema e aparelhos a gás, para ver se não há fugas.

Pelo menos uma vez por ano deve-se ainda:

  • limpar o filtro da bomba de água;
  • proceder à descalcificação do boiler, ou combinado;
  • despejar e limpar a fundo o depósito da água, para tirar as areias e outros detritos que se acumulam no fundo.

Aconselha-se ainda a efectuar de vez em quando uma lavagem aos depósitos das águas usadas para evitar os maus cheiros. Se mesmo assim não saírem os odores pode colocar um litro de vinagre no depósito junto com alguns litros de água (entre ¼ e ½ da capacidade do deposito), conduzir durante um bocado, para que a mistura actue em todo o depósito, deixar actuar umas horas e depois despejar.

Se não usar o veículo durante o Inverno, tenha a atenção de mover um veículo de vez em quando, para que o peso não esteja demasiado tempo a incidir na mesma zona do pneu. Lembre-se igualmente que a falta de uso pode provocar alguns danos na mecânica, nomeadamente em borrachas que podem ressequir, na embraiagem que pode colar, no motor que quando vai colocar em funcionamento está completamente sem óleo que já terá escorrido todo etc., ao contrário do que se possa pensar a falta de uso não é nada benéfica para as mecânicas.

Na célula, nesta situação de paragem prolongado, deixe, se possível, que haja circulação de ar para diminuir os efeitos provocados por um ambiente húmido e fechado e coloque também um desumidificador. O depósito de água deverá estar completamente vazio e seco e com as entradas abertas para respirar, ou então completamente cheio e com um aditivo inibidor de algas. Evitará assim a formação de bolores e fungos no interior do depósito.


Áreas de serviço e de pernoita

Um dossier dedicado ao tema do autocaravanismo, não poderia ficar completo sem se falar de áreas dedicadas ao mesmo.

Por essa Europa é comum encontrar zonas dedicadas às autocaravanas que podem ser só de estacionamento, muitas vezes servidas por transportes públicos quando ficam desviadas do centro, ou podem ter uma zona onde é possível fazer as operações técnicas.

Basicamente uma área de serviço para autocaravanas deve ter um local para despejar a sanita química, abastecimento de água potável, uma grelha no chão ligada à rede de esgotos para receber as águas usadas do banho e lavagem da louça, chão esse que deve estar impermeabilizado e ter uma inclinação que conduza a água para a grelha. Estas áreas podem estar implementadas dentro ou fora de parques de campismo: Em Portugal, ao contrário do que acontece em outros países europeus existem nesta altura pouco mais de meia dúzia de AS fora dos Parques.

Uma área de estacionamento ou de serviços para autocaravanas serve para atrair este tipo de turismo itinernte à localidade onde está implementada, o que trará um retorno positivo para o comércio local.

Com um um valor de investimento bastante baixo, cafés, restaurantes, padarias, supermercados, mercados, lojas de artesanato e recordações, todos irão beneficiar com a passagem das AC's pelo local.


Comportamento dos autocaravanistas

De modo a não prejudicar a imagem do colectivo, é importante que todos os autocaravanistas se pautem por um comportamento exemplar, mantendo-se discretos quando estamos estacionados na via pública e abstendo-se de ocupar o espaço exterior da autocaravana. Efectuar os despejos só nos locais correctos, mantendo sempre os depósitos fechados, não deixando qualquer rasto da nossa presença, ter o cuidado de não tapar janelas de habitações, montras de estabelecimentos comerciais, placas de trânsito, e monumentos e outros locais de interesse.

O CampingCarPortugal tem algumas normas publicadas que poderão ser consultadas na secção As Regras de Ouro deste portal.