Felizmente liberto de um compromisso que me impedia de participar no dito encontro, urgia encontrar rapidamente um destino que compensasse o convívio com tantos companheiros. Assim, perante a dúvida norte, sul, este ou oeste (este pouco provável já que moro em Aveiro...) a decisão acabou por ser...nordeste! Ora então vamos a caminho de Trás-os-Montes, a Montalegre e arredores, numa incursão breve, "da qual se dará notícia como se segue" como diria F. Lopes.
Saída já tarde de Aveiro, sexta-feira rumo a Braga com o fito de ver o Bom Jesus, local onde já não íamos há largos anos...

Saídos em Vila Verde, a rádio local informa-nos da realização da Festa (feira) das Colheitas. Curiosos, estacionámos perto da dita e fomos feirar depois de reconfortar os estômagos com uma bola de carne de Amares e uma tacinha (só uma e pequena) de verde branco. A festa agricola/artesanato estava bem composta, farta e variada. Como o povo estava a chegar aos magotes achámos que já era tempo de partir. Dali optámos por Póvoa de Lanhoso e subir à Senhora do Pilar para ver as vistas. Depois Vieira do Minho (Feira da Ladra e animação de rua) em direcção à nac.103 entre Ruivães e Salamonde. O que não contávamos era que esse troço de 13Km, de sobe e desce, fosse algo exigente em termos de condução e resposta da máquina...
Retomada a nacional fomos bordejando as sucessivas barragens, com paisagens apelativas e nalguns recantos a fazer lembrar algumas perspectivas dos fiordes noruegueses, pese embora a comparação. A noite descia rapidamente e portanto impedia de ver alguns pontos pelo caminho que a sinalética ia anunciando. Montalegre, pois! A vila apresentava-se quase deserta e opção de pernoita recaiu sobre o largo do castelo ainda que com dois restaurantes próximos e o respectivo movimento. Arrumados, fomos espreitar os restaurantes tendo optado pela "Tasca do Açougue". Boa escolha! Da ementa saltaram uma posta de vitela e uma espetada da dita, bem servidas em cama de couve tronchuda salteada e batatas na brasa, regadas na conta com óptimo azeite e um leve sabor a alho. Para ajudar a deglutir escorreu um tinto da casa com aplauso e bis, equilibrado e malabarista ali dos lados de Mirandela. Sobremesa de peras bêbadas. Depois do café foi-me oferecido

Sábado.
(Re)acordar tarde uma vez que um nevoeiro húmido e algo frio se tinha abatido sobre a vila, não deixando entrever mais que umas dezenas de metros.
Assim, saída da AV pelas 10,30, para pequeno-almoço e algumas compras. O primeiro tomou-se na Padaria Costa, também café, ali a 50m. Pão da prateleira para a mesa, bom pão transmontano, cozido a forno de lenha pelos proprietários. Feitas as compras, "ala que se faz tarde" para Vilar de Perdizes, a tal terra das bruxas, do padre **** e das ervas e mezinhas. Desilusão. Se bem que a aldeia não tenha que estar sempre em festa tudo fechado e semideserto não é por força um bom cartaz. Enfim, para não vir de mãos a abanar lá comprámos uns chás da ti'Ana Pitinha, no Café Girassol, daqueles que se compram em qualquer ervanária. Acho que podia haver um pouco mais de imaginação na venda destes produtos, na embalagem, na rotulagem, no marketing em geral. Assim, ensacados em plástico são pouco apelativos. Estivéssemos em França e a história seria outra. Penso que não há como os franceses para saber vender os produtos regionais...
No regresso a Montalegre, paragem na aldeia de Gralhas, onde há vários pontos de abastecimento de água, como adiante se verá...
Pois em Gralhas há uma grande placa que, entre outras se destaca por apontar "Cidade romana de Grou". Ena pá!! Cidade romana? Temos que ver!! E lá fomos. Atravessada a aldeia e passado por Santo André, com Espanha ali a 2km, nada de cidade romana. Então? Valeu-nos uma senhora que lavava água num tanque e que nos disse textualmente: " Cidade romana? Que cidade? Aquele monte de pedras lá no meio da carqueja e da esteva? Aquilo é só matagal...Muita gente lá tem ido ao engano."
E nós lá fomos, tentando contrariar o engano. Mas fica para outro dia, se quiseram, que a prosa vai longa.