Autocaravanistas são bem-vindos a Estoi com abertura de área de serviço e pernoita
Parque de Autocaravanas de Estoi
O interior de Faro já conta com uma área de serviço e pernoita para autocaravanistas. A estrutura foi desenvolvida pela Junta de Freguesia de Estoi, com o apoio da Câmara Municipal, mas a ideia partiu de um autocaravanista algarvio que, conhecedor da realidade local, entendeu que fazia falta um equipamento do género no concelho.
«Depois de uma primeira reunião realizada com o engenheiro Macário Correia [autarca farense], em fevereiro, a um domingo de manhã, o processo foi rápido e conseguimos inaugurar a área no final do mês de Maio», explicou ao «barlavento» Mário Prista.
A abertura do espaço coincidiu com o segundo encontro de autocaravanistas do Automóvel Clube de Portugal. À disposição dos viajantes está agora um ponto de abastecimento e despejo de cassetes sanitárias, além de quatro lugares de estacionamento.
«Neste momento, o equipamento é de utilização gratuita, mas sou a favor da colocação de um moedeiro que, mediante um pagamento simbólico, disponibilizará 120 litros de água», nota o mentor da ideia.
De resto, Mário Prista diz que os autocaravanistas poderão pernoitar nos lugares reservados, desde que não sejam instaladas estruturas exteriores, e está confiante de que a integração daquele equipamento nos roteiros e fóruns da especialidade permitirá trazer dinâmica a Estoi e incentivar o pequeno comércio.
A posição é coincidente com a estratégia da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, que estudou a fundo o fenómeno do autocaravanismo na região e tem tentado criar estratégias de acolhimento que permitam tirar partido das dinâmicas económicas deste tipo de turismo, que pode valer até 8 milhões de euros.
Em declarações ao «barlavento», António Ramos, chefe de divisão de estudos regionais da CCDR, explicou que, ao longo deste ano, têm sido feitas reuniões com associações e clubes do interior, de forma a criar estruturas para autocaravanas em locais mais afastados dos centros urbanos.
A perspetiva é a de que estas áreas de serviço não só permitirão gerar receitas extra às coletividades, mas também aumentar os níveis de conforto e de segurança de quem escolhe visitar a região sobre rodas.
Para que a ideia se torne mais apelativa para os investidores, a CCDR está a desenvolver um conjunto de propostas de layout que permitam, inclusivamente, poupar dinheiro em projetos de arquitetura.
«Falamos de estruturas simples, com e sem ofertas complementares, cujos custos de instalação variam entre os 3 mil e os 40 mil euros. De resto, o preço final também tem de ser apelativo, porque não faz sentido cobrar valores elevados a quem já dispõe de alojamento no seu veículo», ilustrou António Ramos.
Apesar de as rondas de contactos se prolongarem nas próximas semanas, neste momento existem já três intenções de investimento.
São os casos da Associação de Caçadores de Almada de Ouro (Castro Marim), da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, em Querença (Loulé), e de um investidor privado de Moncarapacho (Olhão).
De acordo com o responsável da CCDR, a medida ganha mais importância num momento em que o Algarve está a discutir a importância do turismo de nichos como alternativa ao sol e mar.
«Não nos podemos esquecer que os autocaravanistas são muitas vezes adeptos de segmentos como o birdwatching (observação de aves) ou o turismo de natureza», concluiu.
REDE
No Algarve, existem áreas de serviço públicas para autocaravanas em Alcoutim, Castro Marim, Estoi (Faro) e Quarteira.
Há também uma rede de estruturaras privadas, cujos preços variam em função de permitirem ou não a pernoita.
RECEITAS
Segundo um estudo da CCDR, os autocaravanistas permanecem no Algarve cerca de 42 dias, procuram atividades complementares e gastam diariamente cerca de 40 euros. O produto tem conhecido elevadas taxas de crescimento inter-anuais.
14 de Junho de 2011 | 09:59
filipe antunes
in Barlavento online
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