Fim de semana prolongado de 01 de Novembro
acabámos por não ir a Vilar de Perdizes pois por vários motivos acabámos por ir à procura de sossego.
Saímos de VC à hora de jantar, por isso decidimos ficar por perto mas optamos por comer assim que chegássemos ao destino para não perder mais tempo.
O destino era o Gerês. Temíamos pela paisagem negra, ao invés do luxuriante verde, agora salpicado por amarelos, vermelhos e castanhos, tons mais quentes como que a chamar o calor das lareiras que tão bem sabem nesta altura do ano.
Muito a meu contragosto e comigo sempre a reclamar, lá fomos pela A28 pagando uns excessivos 2,40€ de VC até à saída para a A11.
Acabámos por chegar à Vila do Gerês já passava das 22h passando pela Barragem da Caniçada, o melhor caminho para chegar ao destino.
O tempo, apesar de tudo, foi amável connosco e proporcionou-nos uma viagem calma, apenas salpicada por uns breves pingos de chuva.
Contávamos encontrar mais AC´s no local de pernoita mas enganámo-nos. Estávamos sós, mas encontramos sim o maravilhoso cheiro a lenha mmmmm…
Depois de jantados toca a dar uma volta com as pequenas e a dormir já que a chuva era agora mais intensa. Fomos embalados pelo rugido das águas que furiosamente caiam rumo à barragem.
O dia amanhece cinzento e chuvoso. Depois da rotina diária e de nos apercebermos que o padeiro não havia aparecido, enquanto eu trato do pequeno-almoço, a cara-metade foi ao pão ao café vidoeiro. A simpatia dos geresianos foi confirmada in loco já que a senhora do café lá nos vendeu uns pães para o pequeno-almoço, embora não fosse “costume”.
30 Minutos depois apareceu o padeiro. Decidimos que seria conveniente comprar mais pão (abastecimento para o fim de semana) e por isso o maridão, depois de uma breve conversa com o padeiro, fica a saber que o seu horário normal é às 9h30 mas pode haver algumas oscilações (9h ou 10h) já por nós confirmadas.
Pequeno-almoço tomado, seguimos viagem em direcção ao Parque do Xurês.
As cores de outono
Cascatas ominipresentes
A caminho da portela do homem
Muitas vezes tínhamos passado em os baños mas nunca os tínhamos experimentado. A cara metade tinha experimentado banhar-se nas águas termais de as conchas, nas ruínas romanas, mas nunca aqui.
Os baños
(Para chegar às águas termais de as conchas o acesso é difícil e uma vez mais, julgo que AC´s com motores menos potentes e pneus mais gastos, não conseguirão sair de lá… por isso cuidado!! De qualquer forma, estas águas, no Outono e Inverno, com a subida do nível da barragem, ficam submersas).
Contactei com a sede do Parque do Xurês tentando averiguar da sensibilidade e aceitação deste tipo de turismo do lado galego, não fosse o improvável acontecer... A resposta foi positiva pelo que nos sentíamos agora à vontade para a pernoita.
Normalmente o local abarrota de AC´s mas desta vez só lá estava uma AC espanhola. Chegámos e fomos dar um passeio com as meninas. O passeio não durou muito porque o início do trilho da corga da fecha estava transformado em lago e não tínhamos calçado botas impermeáveis. Começava agora a chover pelo que tivemos que voltar para trás. Foi o suficiente para chegarmos com os pés molhados e encostarmos o resto do fim-de-semana aquelas sapatilhas perfeitamente encharcadas.
Trilho da corga da fecha
Entretanto era hora de almoço pelo que a piscina pública estava agora deserta. As meninas a dormir e nós lá trocamos de roupa, deixamos as “piquis” e fomos a banhos munidos de roupões e sacos plásticos pois o tempo estava muito instável.
Para quem não conhece a água é muito quente! Da nascente sai a 67º e chega à superfície a 42º (não sei onde li isto…). São águas muito boas para problemas de reumatismo e problemas ósseos – o ideal para mim.
A adaptação custa e se não estiver frio cá fora, convém sentarmo-nos para apanhar um pouco de fresco, caso contrário, vamos ter umas quebras de tensão… está-se muito bem mas julgo que o ideal é ficar 15 min. e depois sair por uns 10 min. para voltar a entrar ao estilo jacuzzi.
Depois do tratamento fomos almoçar e tentar novamente o trilho, desta feita com calçado capaz. Não queríamos fazer todo o trilho, apenas chegar à corga da fecha e voltar para trás já que pelo volume de água a cascata estava particularmente brutal.
Não chegámos ao topo do miradouro pois a subida é difícil (quase “escalada”) mas a descida é bem pior já que a inclinação é considerável e com a água as pedras estavam algo escorregadias. Entretanto assoma-se uma tempestade com uns quantos relâmpagos e trovões.
Tempestade à vista
Supliquei a S. Pedro que nos poupasse da intempérie e vimos o nosso pedido ser atendido. Mal chegámos à AC, desatou a chover a cântaros e inclusive granizou um pouco ao som dos trovões.
Limpámos as meninas, trocamos de roupa e… jogámos um scrable. Desta vez a cara metade ganhou… yupiii!! Fico feliz pela 1ª vitória em quase 1 ano num frente a frente eheheheheh
Jantar cozinhado, volta com as meninas e toca a dormir.
Isso era o que nós queríamos mas… ali é muito difícil quando as pessoas (portugueses!!!!) às 4h da matina falam como se estivessem no meio de uma discoteca com a música aos berros. Esse pessoal estava na piscina a falar muito alto e nós dentro da AC ouvíamos tudo como se estivessem ao nosso lado… enfim enfim enfim… o reflexo da crise educacional…
No dia seguinte isso fez-nos rumar a outro lado. A cara-metade foi para a piscina de manhã e eu preferi ficar na AC. Decidimos depois rumar ao centro de interpretação do Parque do Xurês à procura de infos sobre percursos pedestres e aproveitamos para fazer umas compras num dos supermercados de Lobios.
O centro de interpretação, para quem não conhece, fica em Lobios, na rua principal do lado esquerdo quem entra pela estrada de os baños. É pequeno mas interessante e podem levantar informação gratuita sobre o parque que, ficámos a saber, foi ampliado. Os trilhos também estão a ser revistos/alterados e ficámos contentes por saber que muitos vão ser alterados para circulares, facilitando a vida aos caminheiros.
Ainda tentamos comprar gás mas não conseguimos, ficará para a próxima saída. Decidimos seguir para o Soajo. Íamos à procura de sossego. E lá o encontramos. Andavam crianças a festejar o halloween, vestidas a preceito.
Preparamos o nosso jantar macabro com direito a sobremesa preparada pela cara metade (feito perfeitamente inédito!!!). Jantamos muito cedo porque nos baralhamos com as horas heheehe como acontece toodoosss os anos.
Demos umas voltas pela vila, sempre muito bonita, infelizmente emoldurada pela paisagem negra quando deveria ser verde, amarela, castanha e vermelha…
A segunda-feira era o dia do regresso mas queríamos passar no Mezio, para nós uma zona do Gerês desconhecida.
O dia amanhece com sol mas as nuvens negras à volta não enganam e vão ganhando terreno. De facto a chuva ganha a batalha e depois de uma volta madrugadora pelo Soajo, depois de ver a romaria dos fiéis na praça da feira com direito a feira e depois da visita obrigatória aos espigueiros, chove novamente.
Espigueiros do Soajo
Pequeno-almoço tomado, tudo arrumado e saímos em direcção ao Mezio. Encontrámos o caminho e ficamos pasmos com a beleza da paisagem e indignados pela violência dos incêndios.
O centro de interpretação do Mezio estava em obras e por esse motivo não o visitamos, mas fizemos questão de seguir a estrada, maravilhados, até ao seu final: no parque de campismo de travanca (que desconhecíamos por completo).
É uma zona que se recomenda vivamente!
Mezio
Seguimos viagem até Ponte de Lima onde tínhamos pensado parar para almoçar mas depois de dar de caras com um sinal ilegal de proibição de autocaravanas naquela imensa zona de estacionamento de terra batida, onde estavam estacionados carros e autocarros, decidimos seguir viagem até Viana do Castelo e almoçar junto à costa.
O tempo estava agreste, com nuvens pouco simpáticas e um vento feroz. Findo o almoço, passeio dado é hora de seguir viagem para casa, sempre pela EN. À parte das romarias aos cemitérios, a estrada estava natural e invulgarmente calma.
Deixo as seguintes notas:
Gerês:
No local de pernoita há contentores do lixo, uma fonte, restaurante, café e, pelo menos ao sábado, padeiro à porta.
Perto (+-1 km) têm todos os serviços disponíveis na vila (farmácia, termas, restaurantes, mercado etc.).
Soajo temos acesso fácil a:
Supermercado perto dos espigueiros que deve estar aberto todos os dias da semana, pelo menos no domingo estava aberto.
Nas ruas de granito há umas quantas fontes, umas sem torneira, mas outras com torneira. A água é boa por isso dá para encher uns garrafões. Têm também farmácia e banco no centro e perto do largo do eiró há uma padaria, uma drogaria, multibanco e um pouco mais afastado restaurantes. Do outro lado da estrada há o bar capela – instalado numa capela, por isso muito sui generis..
Seria interessante no largo da feira (ou noutro local) haver uma área para AC. É certo que ficaria perto da estrada mas duvido que a mesma seja muito movimentada durante a noite. Seria outra fonte de receita a juntar ao já explorado turismo rural.
Infelizmente para quem vem do Lindoso a estrada não é simpática e não sei até que ponto as AC´s com motores menos potentes conseguem subir a estrada que passa na antiga central hidroeléctrica… essa zona é um bocado estranha, assustadora até. E se for feita à noite então…