gerês e xurês

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gerês e xurês

Mensagempor cookie » quarta nov 03, 2010 3:45 pm

Fim de semana prolongado de 01 de Novembro

acabámos por não ir a Vilar de Perdizes pois por vários motivos acabámos por ir à procura de sossego.
Saímos de VC à hora de jantar, por isso decidimos ficar por perto mas optamos por comer assim que chegássemos ao destino para não perder mais tempo.

O destino era o Gerês. Temíamos pela paisagem negra, ao invés do luxuriante verde, agora salpicado por amarelos, vermelhos e castanhos, tons mais quentes como que a chamar o calor das lareiras que tão bem sabem nesta altura do ano.

Muito a meu contragosto e comigo sempre a reclamar, lá fomos pela A28 pagando uns excessivos 2,40€ de VC até à saída para a A11.

Acabámos por chegar à Vila do Gerês já passava das 22h passando pela Barragem da Caniçada, o melhor caminho para chegar ao destino.
O tempo, apesar de tudo, foi amável connosco e proporcionou-nos uma viagem calma, apenas salpicada por uns breves pingos de chuva.

Contávamos encontrar mais AC´s no local de pernoita mas enganámo-nos. Estávamos sós, mas encontramos sim o maravilhoso cheiro a lenha mmmmm…

Depois de jantados toca a dar uma volta com as pequenas e a dormir já que a chuva era agora mais intensa. Fomos embalados pelo rugido das águas que furiosamente caiam rumo à barragem.

O dia amanhece cinzento e chuvoso. Depois da rotina diária e de nos apercebermos que o padeiro não havia aparecido, enquanto eu trato do pequeno-almoço, a cara-metade foi ao pão ao café vidoeiro. A simpatia dos geresianos foi confirmada in loco já que a senhora do café lá nos vendeu uns pães para o pequeno-almoço, embora não fosse “costume”.

30 Minutos depois apareceu o padeiro. Decidimos que seria conveniente comprar mais pão (abastecimento para o fim de semana) e por isso o maridão, depois de uma breve conversa com o padeiro, fica a saber que o seu horário normal é às 9h30 mas pode haver algumas oscilações (9h ou 10h) já por nós confirmadas.

Pequeno-almoço tomado, seguimos viagem em direcção ao Parque do Xurês.

As cores de outono
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Cascatas ominipresentes
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A caminho da portela do homem
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Muitas vezes tínhamos passado em os baños mas nunca os tínhamos experimentado. A cara metade tinha experimentado banhar-se nas águas termais de as conchas, nas ruínas romanas, mas nunca aqui.

Os baños
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(Para chegar às águas termais de as conchas o acesso é difícil e uma vez mais, julgo que AC´s com motores menos potentes e pneus mais gastos, não conseguirão sair de lá… por isso cuidado!! De qualquer forma, estas águas, no Outono e Inverno, com a subida do nível da barragem, ficam submersas).

Contactei com a sede do Parque do Xurês tentando averiguar da sensibilidade e aceitação deste tipo de turismo do lado galego, não fosse o improvável acontecer... A resposta foi positiva pelo que nos sentíamos agora à vontade para a pernoita.

Normalmente o local abarrota de AC´s mas desta vez só lá estava uma AC espanhola. Chegámos e fomos dar um passeio com as meninas. O passeio não durou muito porque o início do trilho da corga da fecha estava transformado em lago e não tínhamos calçado botas impermeáveis. Começava agora a chover pelo que tivemos que voltar para trás. Foi o suficiente para chegarmos com os pés molhados e encostarmos o resto do fim-de-semana aquelas sapatilhas perfeitamente encharcadas.

Trilho da corga da fecha

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Entretanto era hora de almoço pelo que a piscina pública estava agora deserta. As meninas a dormir e nós lá trocamos de roupa, deixamos as “piquis” e fomos a banhos munidos de roupões e sacos plásticos pois o tempo estava muito instável.

Para quem não conhece a água é muito quente! Da nascente sai a 67º e chega à superfície a 42º (não sei onde li isto…). São águas muito boas para problemas de reumatismo e problemas ósseos – o ideal para mim.

A adaptação custa e se não estiver frio cá fora, convém sentarmo-nos para apanhar um pouco de fresco, caso contrário, vamos ter umas quebras de tensão… está-se muito bem mas julgo que o ideal é ficar 15 min. e depois sair por uns 10 min. para voltar a entrar ao estilo jacuzzi.

Depois do tratamento fomos almoçar e tentar novamente o trilho, desta feita com calçado capaz. Não queríamos fazer todo o trilho, apenas chegar à corga da fecha e voltar para trás já que pelo volume de água a cascata estava particularmente brutal.

Não chegámos ao topo do miradouro pois a subida é difícil (quase “escalada”) mas a descida é bem pior já que a inclinação é considerável e com a água as pedras estavam algo escorregadias. Entretanto assoma-se uma tempestade com uns quantos relâmpagos e trovões.

Tempestade à vista
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Supliquei a S. Pedro que nos poupasse da intempérie e vimos o nosso pedido ser atendido. Mal chegámos à AC, desatou a chover a cântaros e inclusive granizou um pouco ao som dos trovões.

Limpámos as meninas, trocamos de roupa e… jogámos um scrable. Desta vez a cara metade ganhou… yupiii!! Fico feliz pela 1ª vitória em quase 1 ano num frente a frente eheheheheh

Jantar cozinhado, volta com as meninas e toca a dormir.
Isso era o que nós queríamos mas… ali é muito difícil quando as pessoas (portugueses!!!!) às 4h da matina falam como se estivessem no meio de uma discoteca com a música aos berros. Esse pessoal estava na piscina a falar muito alto e nós dentro da AC ouvíamos tudo como se estivessem ao nosso lado… enfim enfim enfim… o reflexo da crise educacional…

No dia seguinte isso fez-nos rumar a outro lado. A cara-metade foi para a piscina de manhã e eu preferi ficar na AC. Decidimos depois rumar ao centro de interpretação do Parque do Xurês à procura de infos sobre percursos pedestres e aproveitamos para fazer umas compras num dos supermercados de Lobios.

O centro de interpretação, para quem não conhece, fica em Lobios, na rua principal do lado esquerdo quem entra pela estrada de os baños. É pequeno mas interessante e podem levantar informação gratuita sobre o parque que, ficámos a saber, foi ampliado. Os trilhos também estão a ser revistos/alterados e ficámos contentes por saber que muitos vão ser alterados para circulares, facilitando a vida aos caminheiros.

Ainda tentamos comprar gás mas não conseguimos, ficará para a próxima saída. Decidimos seguir para o Soajo. Íamos à procura de sossego. E lá o encontramos. Andavam crianças a festejar o halloween, vestidas a preceito.

Preparamos o nosso jantar macabro com direito a sobremesa preparada pela cara metade (feito perfeitamente inédito!!!). Jantamos muito cedo porque nos baralhamos com as horas heheehe como acontece toodoosss os anos.

Demos umas voltas pela vila, sempre muito bonita, infelizmente emoldurada pela paisagem negra quando deveria ser verde, amarela, castanha e vermelha…

A segunda-feira era o dia do regresso mas queríamos passar no Mezio, para nós uma zona do Gerês desconhecida.

O dia amanhece com sol mas as nuvens negras à volta não enganam e vão ganhando terreno. De facto a chuva ganha a batalha e depois de uma volta madrugadora pelo Soajo, depois de ver a romaria dos fiéis na praça da feira com direito a feira e depois da visita obrigatória aos espigueiros, chove novamente.

Espigueiros do Soajo
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Pequeno-almoço tomado, tudo arrumado e saímos em direcção ao Mezio. Encontrámos o caminho e ficamos pasmos com a beleza da paisagem e indignados pela violência dos incêndios.

O centro de interpretação do Mezio estava em obras e por esse motivo não o visitamos, mas fizemos questão de seguir a estrada, maravilhados, até ao seu final: no parque de campismo de travanca (que desconhecíamos por completo).

É uma zona que se recomenda vivamente!

Mezio
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Seguimos viagem até Ponte de Lima onde tínhamos pensado parar para almoçar mas depois de dar de caras com um sinal ilegal de proibição de autocaravanas naquela imensa zona de estacionamento de terra batida, onde estavam estacionados carros e autocarros, decidimos seguir viagem até Viana do Castelo e almoçar junto à costa.

O tempo estava agreste, com nuvens pouco simpáticas e um vento feroz. Findo o almoço, passeio dado é hora de seguir viagem para casa, sempre pela EN. À parte das romarias aos cemitérios, a estrada estava natural e invulgarmente calma.

Deixo as seguintes notas:
Gerês:
No local de pernoita há contentores do lixo, uma fonte, restaurante, café e, pelo menos ao sábado, padeiro à porta.

Perto (+-1 km) têm todos os serviços disponíveis na vila (farmácia, termas, restaurantes, mercado etc.).

Soajo temos acesso fácil a:
Supermercado perto dos espigueiros que deve estar aberto todos os dias da semana, pelo menos no domingo estava aberto.

Nas ruas de granito há umas quantas fontes, umas sem torneira, mas outras com torneira. A água é boa por isso dá para encher uns garrafões. Têm também farmácia e banco no centro e perto do largo do eiró há uma padaria, uma drogaria, multibanco e um pouco mais afastado restaurantes. Do outro lado da estrada há o bar capela – instalado numa capela, por isso muito sui generis..

Seria interessante no largo da feira (ou noutro local) haver uma área para AC. É certo que ficaria perto da estrada mas duvido que a mesma seja muito movimentada durante a noite. Seria outra fonte de receita a juntar ao já explorado turismo rural.

Infelizmente para quem vem do Lindoso a estrada não é simpática e não sei até que ponto as AC´s com motores menos potentes conseguem subir a estrada que passa na antiga central hidroeléctrica… essa zona é um bocado estranha, assustadora até. E se for feita à noite então…
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Mensagempor RuckFules » quarta nov 03, 2010 6:26 pm

Belo passeio.
Por uns dias nos tínhamos cruzado na Vila do Gerês. Estive por lá na quarta feira passada, seguindo depois por Espanha, onde ao acaso encontramos uma daquelas aldeias com meia dúzia de habitantes, bastante simpáticos.
O rumo foi "Santa Tecla" em A Guarda (Espanha). Para quem não conhece recomendo, não só pela vista, como pelo valor histórico, onde se pode apreciar as ruínas de uma antiga povoação castreja da idade do ferro.

Desconhecia o local de pernoita na Vila do Gerês. A viagem ia sendo improvisada a cada paragem, e a pesquisa por locais de pernoita não foi a melhor. Acabei por estacionar numa zona bem calma onde o silêncio não foi interrompido durante a noite.

E quanto a AC's como motores mais fracotes, a minha "velhota" não se negou a nenhuma subida em todo o percurso do Gerês, embora muitas vezes ainda tivesse que tirar as medidas à estrada e às subidas. Fiquei apenas pela limpeza do pó da parte de cima em algumas ramagens de árvores mais baixas. Se não subia em 3ª subia em 2ª (e ainda foram algumas vezes!)

Continuação de boas viagens.
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Mensagempor cookie » quarta nov 03, 2010 6:34 pm

companheiro, os meus alertas relativamente às subidas íngremes estão no texto porque já li que houve colegas que tiveram que ser rebocados pois as suas AC não subiam, neste caso concreto, a estrada das piscinas naturais de as conchas para a estrada nacional.

inclusive nós já tivemos dificuldade ao seguir pela nossa mão na estrada que sai da vila do gerês em direcção à portela do homem. tivemos que fazer a curva/subida em contra-mão.

espero que não tenha levado a mal mas foi apenas isso mesmo, um alerta.

santa tecla é muito bonito e o castro é imponente.
:wink:
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Mensagempor RuckFules » quarta nov 03, 2010 7:19 pm

Claro que não levei a mal :D
É sempre bom haver alertas para situações que nos podem trazer alguns amargos nestas viagens. "Desenrascar" um carro é uma coisa, uma AC é outra, bem mais complicada.
Numa dada altura desta minha viagem, vi a situação ficar "negra" numa passagem por uma aldeia em que a estrada que a atravessava tinha sido feita para carroças puxadas por animais, e tive que tirar muitas medidas para passar entre varandas de algumas casas, e não deixar nenhum bocado da AC lá agarrado.
Também segui da Vila do Gerês para Portela do Homem. Depois de algumas estradas e aventuras que tinha passado, essa parte já foi bem mais descontraída.
Já agora, essa saída em contra mão foi em direcção à Portela do Homem? É que de facto vi uma curva para sair da Vila do Gerês e reparei que de AC não a conseguiria fazer, mas era no sentido oposto à Portela do Homem.
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Mensagempor cookie » quarta nov 03, 2010 7:28 pm

quem sai da vila do gerês em direcção à portela do homem há uma zona de merendas (local de saída e chegada do trilho dos currais - muito bonito por sinal) e é nessa zona de curvas/ganchos que às vezes a nossa mão é bastante inclinada. uma vez íamos com a AC carregada e lá fomos derrapando. tivemos mesmo que fazer a curva em contra-mão, algo que às vezes se faz mesmo nos nossos carros, quando a inclinação é muita.

de resto nunca tivemos problemas.

tb tivemos aventuras no gerês. estávamos do lado espanhol queríamos ir a pitões e o GPS mandou-nos por uma aldeia que não sei como é que conseguimos passar. depois de suarmos um bom bocado a rua acaba e daí até pitões é estrada de monte, em terra batida... a ameaçar chuva, trovoada e nós feitos doidinhos no meio do monte de AC.

muito surreal, a lembrar as nossas aventuras de TT :lol:

...

agora rio-me mas na altura não achei muita graça :roll:
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Mensagempor Paulo » quarta nov 03, 2010 9:22 pm

EXCELENTE, Cookie!!!!!!!!

Gostei mesmo :D !

Muito obrigado pela partilha.

Abraço,
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Mensagempor danibeja » quarta nov 03, 2010 9:53 pm

Muito fixe, também gostei muito.
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Mensagempor Aleluia » quarta nov 03, 2010 10:25 pm

Cookie, um bom passeio, pena a chuva e a paisagem negra, devido aos incêndios.
Em Setembro, pensei fazer o mesmo percurso, mas devido ao negro, optei e fui para a zona da Madeirã perto da Sertã.
Uma zona muito bonita, com paisagens maravilhosas, montes de prais fluviais, fragas interessantissimas, sedo uma das principais a FRAGA de SÃO SIMÂO.
Mas o que me deixou louco foram as casas recuperadas à antiga, com a construção em lages de xisto, tanto no exterior como no interior.
Vejam em: http://www.youtube.com/watch?v=N4bmvuVuYzI
Saudações.
Aleluia
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