Bom dia companheiro vitor,
Conforme disse, e bem, o companheiro Oliventino, todas as baterias utilizadas nos automóveis são de chumbo-ácido, ou seja, os seus eléctrodos são no essencial constituídos, um deles por chumbo esponjoso (ânodo - negativo) e o outro por dióxido de chumbo (cátodo - positivo), imersos num electrólito ácido.
Diferem por vezes os eléctrodos entre si, consoante os diversos fabricantes, quando estes adicionam outros componentes, como por exemplo o antimónio, estanho, cálcio, selénio, etc., constituindo ligas que processam de forma diferente as reacções químicas entre as placas e o electrólito, conseguindo produzir baterias com características diferentes (possibilitando maior intensidade de corrente momentânea ou uma intensidade de corrente constante ao longo de um período de tempo elevado),bem como a capacidade de regeneração das mesmas no seu processo de carga.
O aspecto onde as baterias se diferenciam substancialmente, é relativamente ao estado do seu electrólito, que poderá ser de três tipos diferentes:
1 - Baterias chumbo-ácido ventiladas ou abertas (VLA):
Neste tipo de baterias o electrólito é uma solução aquosa de ácido sulfúrico, numa concentração de cerca de 30% e com uma densidade de cerca 1,28 g/cm3. Sendo o electrólito líquido, obriga a uma instalação fixa e na horizontal para que o mesmo não se derrame.
Durante o seu funcionamento,
principalmente em situações de sobrecarga, processa-se a electrólise da água que faz com que o oxigénio e o hidrogénio sejam libertados no estado gasoso, podendo originar, quando em certas concentrações, elevadas pressões e na presença de uma faísca, à explosão da bateria.
Nota: Como curiosidade e acima de tudo para se ter uma pequena percepção de uma explosão de hidrogénio misturado com oxigénio, em quantidades pequenas, aconselho os meus amigos a visionarem esta experiência através deste link:
http://hypescience.com/qual-e-a-diferen ... -oxigenio/ 2 - Baterias chumbo-ácido estanques ou reguladas por válvulas (VLRA -Valve Regulated Lead Acid Battery):
Este tipo de baterias são herméticas, possuindo no entanto, válvulas na tampa superior que funcionam como fusíveis, permitindo a saída dos gases quando a pressão destes no interior da bateria chegue a valores perigosos.
A principal vantagem das baterias de tecnologia VLRA face às baterias VLA, é a de permitirem a recombinação dos gases produzidos (essencialmente oxigénio e hidrogénio) cujas moléculas se combinam transformando-se em água, pelo que não necessitam de manutenção (note-se que a manutenção das baterias com electrólito líquido, consiste na adição de água destilada).
Relativamente às baterias VLRA, existem no mercado dois tipos diferentes de tecnologia no que à forma de materializar o electrólito diz respeito:
2-a) – Baterias de Gel onde o ácido se encontra misturado com sílica, resultando um electrólito com uma consistência tipo gelatinosa, daí a designação, imobilizando dessa forma o electrólito dentro da bateria. Podem ser colocadas em qualquer posição, resistindo bem às vibrações.
2-b) – Com uma tecnologia mais recente, apareceram as baterias AGM (Absorbed Glass Mat), em que o separador entre as placas é constituído por uma manta de microfibras de vidro, saturadas de ácido. Tal como nas de Gel, o electrólito encontra-se imobilizado por este processo, podendo as mesmas serem instaladas em qualquer posição, mesmo invertida.
Estas duas últimas tecnologias, em que os gases libertados são recombinados dentro das próprias baterias, permitem a sua instalação em qualquer lugar, mesmo que não seja suficientemente ventilado. São estanques, logo, sem manutenção.
Quanto á descarga, as baterias poderão ser divididas em três grandes grupos, independentemente do tipo de electrólito:
a) Baterias de arranque (SLI - Starting, Lighting,Ignition), que são baterias que debitam uma grande intensidade de corrente, por exemplo 500 Amperes, num período curto de tempo, não mais de 10 segundos. Estas baterias são apropriadas para o arranque dos motores.
b) Baterias de descarga lenta (Deep-cycle), também chamadas de baterias estacionárias, estas baterias têm menos placas, que as SLI, mas são mais espessas e sólidas. Esta concepção permite a utilização de uma pequena quantidade de energia durante um grande período de tempo. Como a superfície de contacto com o electrólito é menor, relativamente às baterias de arranque (SLI), a carga é mais lenta e moderada. Estas baterias são indicadas, por exemplo, para aplicações em autocaravanas e para utilização com painéis solares.
c) As baterias Marine Deep-Cycle, são baterias normalmente designadas por baterias DUAL, situando-se entre as baterias de arranque (SLI) e as “Deep-Cycle”. São habitualmente utilizadas quando se dispõe de pouco espaço ( caso das pequenas embarcações de recreio) e fornecem simultaneamente energia para o arranque do motor e posteriormente alimentam o sistema de iluminação, bombas de água, boilers e outros dispositivos eléctricos instalados. Utilizam um pouco de cada uma das duas tecnologias de baterias, arranque (SLI) e “Deep-Cycle”, para satisfazer ambas as necessidades diferentes.
Pessoalmente sou de opinião de que quando se dispõe de espaço suficiente de instalação como no caso das ACs, em que na esmagadora maioria dos casos existem sempre baterias diferenciadas quer para o motor, quer para a célula, será aconselhável instalar uma bateria específica de arranque para funcionar com o motor do veículo e uma outra “Deep-Cycle” para alimentar os diversos dispositivos eléctricos da célula.
Quanto ao tipo de carregamento da bateria que instalou, sendo a mesma de chumbo-ácido com electrólito líquido, carrega nas mesmas condições da bateria do veículo.
Para todas as baterias, é recomendável iniciar a carga com uma corrente estabilizada equivalente a 1/10 da sua capacidade nominal. Exemplo: uma bateria de 90Ah, deverá começar a carga com 9 Amperes, mantendo esta intensidade até alcançar a sua tensão máxima.
As baterias de chumbo-ácido de electrólito líquido (VLA), consideram-se 100% carregadas quando atingem a tensão de 12.7V e descarregadas atingindo a tensão de 10.7V.
Para as baterias de GEL e AGM (VLRA), a carga máxima é atingida quando a tensão chega a valores de aproximadamente 14.4V.
Um abraço,