Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Zona para discussão de ideias, esclarecimento de dúvidas e apresentação de propostas sobre o autocaravanismo.

Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Henrique Fernandes » sexta nov 28, 2014 10:26 am

Companheiros:
Recorro a este espaço para, com a vossa permissão, deixar aqui expressa, na qualidade de membro e fundador do CGA e de membro dos corpos sociais da FPA e promotor da sua criação, a seguinte posição:
Tem-se assistido, de há uns tempos a esta parte, a uma campanha que pretende fazer crer que a FPA “defende” que se limite o estacionamento das ACs a períodos de 48 horas. Essa campanha assenta numa posição pública há uns tempos assumida pela FPA que reproduzo de seguida:

Defendemos que o estacionamento de curta duração (até 48 horas) deverá ser permitido, nos termos do Código da Estrada, e nas mesmas condições em que o for para as restantes viaturas com o mesmo gabarito das autocaravanas.

Ora, como todos sabemos, a língua portuguesa é muito rica, não tanto pela diversidade das interpretações que o autor de uma frase lhe queira dar, mas sobretudo pela diversidade de intenções que mais tarde cada um de nós queira atribuir ao autor dessa frase.
O que está em causa é o seguinte: permitindo o código de estrada que todos os veículos possam legalmente permanecer no mesmo local durante um período máximo de 30 dias, é do conhecimento de todos que sobressai desta moldura legal a aplicação ao nível local dos mais diversos regulamentos municipais limitadores da norma geral. Por exemplo, em muitos locais nem sequer é sequer permitido o estacionamento de viaturas, sejam elas quais forem. Noutros é permitido o estacionamento de umas viaturas, mas não de outras. Noutros ainda, as viaturas só podem permanecer por um determinado período. E por aí fora.
Quando se defende um estacionamento de 48 horas, defende-se esse estacionamento a partir do zero. Isto é, defende-se que num local onde até agora existe uma proibição total, passe a existir uma autorização de, PELO MENOS, 48 horas. E defende-se que essa autorização se ancore no princípio de respeito pelo gabarito das viaturas. Isto é, defende-se que se naquele local é autorizado o estacionamento da carrinha da fruta ou do camião de transporte de mobílias por esse período de 48 horas, também deve ser autorizada a permanência das ACs por 48 horas, por terem gabarito e dimensões semelhantes.
Decorre do senso comum que se a partir de determinado momento a autarquia passar a autorizar o estacionamento desses veículos de transporte e trabalho por, digamos, 5 ou 7 dias, essa autorização deve ser automaticamente estendida aos veículos de laser (como as ACs), igualmente por 5 ou 7 dias.
E se por qualquer razão não for recomendável essa extensão às ACs naquele local (por exemplo, a autorização municipal pode existir a título excecional para os carros de trabalho numa área adstrita a um mercado municipal, mas não para as ACs), então deve compensar-se o mesmo direito numa área próxima (mais vocacionada para o laser), onde naturalmente deverão ser os veículos de trabalho e transporte a sofrer compensatoriamente a “limitação” negativa.
Significa isto que a FPA, ao defender o estacionamentos de 48 horas para as ACs (ou de 5 ou 7 dias, etc.) não está a pretender “reduzir” o direito previsto na norma geral dos 30 dias do código da estrada, mas tão só a pretender adequá-lo às circunstâncias e regulamentos locais, por forma a que no cômputo geral as ACs nunca fiquem a perder relativamente aos direitos concedidos a veículos com outra finalidade mas de igual gabarito.
Só com má-fé é que se pode pretender que a FPA defende 48 horas para as ACs mas já aceita 30 dias para os outros veículos! Convém não esquecer que se nem sempre conseguimos exprimir as nossas ideias através da fórmula gramatical e sintática mais adequada (o que pode até ter sucedido no caso em apreço), em compensação a generalidade dos autocaravanistas não é tão estúpida que acredite numa tese “conspirativa” como aquela a que me referi.
Está por isso condenada ao fracasso qualquer tentativa de fazer crer aos menos atentos que a FPA veste uma pele que não é a sua, para se tentar promover a ideia de que os verdadeiros paladinos da liberdade autocaravanista serão aqueles que militam no universo campista ou por lá próximo.
Não é preciso ser-se muito inteligente para se compreender que o universo campista jamais defenderá, por óbvias, legítimas e respeitáveis razões de interesse económico dos seus agentes, a criação de condições para que os autocaravanistas itinerantes só frequentem os parques de campismo quando verdadeiramente o desejarem e nunca como consequência da ausência de condições alternativas adequadas à itinerância.
Acreditar que o universo campista vai defender a nossa liberdade de circulação e de estacionamento e permanência nos espaços públicos, seja por 30 dias, 48 horas ou 5 minutos, é o mesmo que acreditar que a melhor maneira de proteger um galinheiro é entregar a sua guarda a uma qualquer raposa.
Não é por acaso que foi desse universo campista que veio a tentativa - fracassada - de impugnar judicialmente a criação da FPA. Isto é, primeiro as raposas tentaram impedir que as galinhas se associassem para melhor se defenderem. Depois, como perderam, gostariam agora de nos convencer que guardam melhor as galinhas do que os próprios galos...
Confesso-vos que às vezes é precisa paciência de santo para aturar certa gente!
Saudações gardingas
Henrique Fernandes
 
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor forum_admin » sexta nov 28, 2014 11:48 am

Bom dia,

Aqui está um importante esclarecimento, e um excelente tema aberto a debate e contraditório. Uma ligeira nota, para dizer que algumas indiretas colocados no texto poderiam ter sido evitadas.
Esperamos então pelo debate deste tema, o qual deve incidir sobre as posições da FPA, mais do que sobre a própria FPA, evitando também as comparações diretas entre instituições.
Pedimos ainda para quando intervirem terem presente a regra nº24 deste fórum:

fórum_admin Escreveu:
...
24. Qualquer referência depreciativa a instituições ou fóruns/portais autocaravanistas será eliminada. Se os utilizadores persistirem sistematicamente em violar o constante desta regra serão expulsos.
Será permitida a troca de ideias sobre ações e tomadas de posição de outras entidades autocaravanistas, desde que:
  • Não se trate de questões exclusivamente internas.
  • Tenham declaradamente reflexos em toda a comunidade autocaravanista.
  • Sejam feitos com elevação, e que as criticas sejam fundamentadas e reportando-se diretamente aos fatos/ações e não diretamente à instituição em si.
...

Posto isto, aguardamos então por um esclarecedor debate sobre o tema aqui lançado.
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor time_out » sexta nov 28, 2014 6:43 pm

Henrique Fernandes Escreveu:...

Defendemos que o estacionamento de curta duração (até 48 horas) deverá ser permitido, nos termos do Código da Estrada, e nas mesmas condições em que o for para as restantes viaturas com o mesmo gabarito das autocaravanas.


É claro que só quem não quer entender ou quer criar confusão não pode compreender o que seguramente se quer dizer com esta frase.

Faz todo o sentido defender a permanencia num determinado local publico em autocaravana (= estacionamento) por um periodo limitado tal como acontece em muitos locais desta velha europa.

Com isto evita-se e impede-se os tristes espectáculos que ao não querer ser restritivo acaba por acontecer pois é a realidade e só não a vê quem não quer.

Sem ser partidário de nenhum clube nem apoiante de nenhuma federação pois ainda não encontrei aquela que melhor pudesse servir os interesses dos autocaravanistas tal e qual eu o entendo mas acompanhando o que se passa pelo país e pelo mundo sinto que dificilmente se irá chegar a algum lado pois as "quintas" já são muitas e os "pelouros" apeteciveis.

Mas tambem sei que poderá vir a aparecer a excepção e no capitulo do estacionamento (= permanencia num determinado local publico em autocaravana) concordo plenamente sendo algo que já pratico há muitos anos.
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor ahlagos » sexta nov 28, 2014 10:07 pm

Turismo itinerante ou uma forma barata de passar férias??
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Henrique Fernandes » sexta nov 28, 2014 10:30 pm

Companheiro ahlagos:
Não creio haver uma resposta única para a sua pergunta.
Por isso só posso falar por mim: 60 mil euros para a AC, mais os extras que lhe fui metendo, mais o seguro anual, inspeção, oficina, combustível, portagens, etc., etc., não será seguramente uma forma barata de passar as habituais duas a três semanas/ano e os três ou quatro fins-de-semana isolados de que consigo dispor.
Aliás, fazendo as contas e as comparações com as vezes em que pego na família e vou, de avião e hotel encomendados, para uma qualquer país da Europa central, ou para um bungalow num parque de campismo nos Pirinéus, julgo até ser a AC a opção mais cara.
Mas como quem corre por gosto não cansa... Princípio que, aliás, também aplico às causas em que me envolvo...
Saudações gardingas
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor ahlagos » sexta nov 28, 2014 11:23 pm

Companheiro,
Não me referia a casos pontuais, ou ao meu caso particular, que conheço, desde os Estados Unidos (NY), Emirados Árabes, Tailândia ou China!
Não vamos por aí!
agora pensar que tenho 4 rodas e posso ficar, onde me apetece, a fazer o que quiser, porque pago IMI e IRS, acho um posso abusivo,
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Henrique Fernandes » sábado nov 29, 2014 12:02 am

Abusiva é a forma como o autocaravanismo itinerante vem sendo tratado por certa gente e em certos locais...
O que defendo é que possamos ficar por 48 horas onde os "outros" do mesmo gabarito também possam ficar durante esse tempo. Ou que possamos ficar por 1 semana, se aos "outros" também for permitido ficar por 1 semana. Ou 30 por dias, se os "outros" também puderem ficar 30 dias.
E que se for permitido, por circunstâncias especiais e atendíveis, que fiquem os "outros" mas não as ACS, então que pelo menos nos arranjem, sempre que tal se revele necessário, uma compensação noutro sítio, onde possam então ficar as ACs, mas não os "outros"...
É por isso que eu defendo a criação de legislação específica destinada a PROTEGER o autocaravanismo itinerante dos numerosos abusos, perseguições e discriminações permitidos pelas interpretações avulsas, discricionárias e contraditórias da amálgama legislativa existente. Só assim teremos acesso a direitos equilibrados com os outros utentes da via pública. A moldura legislativa atual, que alguns definiriam como "neutral" e suficiente, na prática joga contra nós, exatamente porque permite ou não impede explicitamente esses abusos.
A verdade é que dentro de um parque de campismo ninguém discrimina negativamente um autocaravanista em relação aos outros utentes. Eu só quero que fora deles todos (ACs e os "outros") possamos ter os mesmíssimos direitos de fruição do estacionamento...
O argumento segundo o qual alguns autocaravanistas têm comportamentos menos corretos, por vezes usado por certos companheiros para "justificar" complacentemente os abusos, perseguições e discriminações a que me referi, não colhe!
Nunca se corrige uma coisa que está mal com outra que está errada.
Ainda por cima já existe legislação mais do que suficiente para punir os infratores, basta aplicá-la.
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor ECosta » sábado nov 29, 2014 11:45 pm

ahlagos Escreveu:Turismo itinerante ou uma forma barata de passar férias??


Companheiro, se tem autocaravana (acredito que sim), sabe muito bem que, na esmagadora maioria dos casos a sua afirmação não corresponde a realidade.
Tenho duas filhas que todos aos anos vão passar férias ao Algarve, alugam um apartamento por quinze dias, eu vou de autocaravana, encontro-me com elas, no final fazemos as contas, elas fazem as férias muito mais económicas do que eu.


ahlagos Escreveu:agora pensar que tenho 4 rodas e posso ficar, onde me apetece, a fazer o que quiser, porque pago IMI e IRS, acho um posso abusivo,


Companheiro eu tenho uma autocaravana e dois carros, perante o código da estrada e os regulamentos e ordenamentos de trânsito municipais, eu não posso estacionar “ficar” onde me apetece, ou fazer o que quiser, tenho que respeitar as regras e a sinalização do código da estrada existente para a classe e gabarito do veículo que em cada momento eu conduzo, (independente de ser autocaravana ou furgão de mercadorias).
Fazer campismo, (abrir toldes, montar mesas e cadeiras ou por calces de nivelamento) só deve ser feito em parques de campismo ou locais autorizados, é uma atividade proibida superiormente.


[color=#000080]( Henrique Fernandes escreveu "Ainda por cima já existe legislação mais do que suficiente para punir os infratores, basta aplicá-la."
[/color]
Companheiro, penso que se as autoridades fossem mais rigorosas e as multas mais pesadas, a “bagunça“ se não termina-se, pelo menos não seria a mesma.
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Oliventino » domingo nov 30, 2014 1:36 am

ahlagos Escreveu:Turismo itinerante ou uma forma barata de passar férias??


Boa noite.
Férias baratas não será de autocaravana, quem souber fazer bem as contas de todos mesmo todos os custos fixos e variáveis, directos e indirectos ao veículo,e as contas tem que ser feitas ou calculadas desde a compra até à venda do veículo,não esquecendo o juro do capital investido que deixará de receber e a desvalorização do veículo, não se engana e está consciente disso.

Só os custos variáveis é que são directamente proporcionais à utilização, talvez tenha sido esta a confusão.

É de reparar também que há muitos autocaravanistas predominantemente, predominantemente
sim, itinirantes que têm boas casa de férias, como eu, e não as usam há anos, conheço varios e eu sou um, se o objectivo fosse esse usavam as casas e não gastavam mais com autocaravana.
defenderei sempre o direito de discordarem das minhas opiniões - (Montesquieu )
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Henrique Fernandes » domingo nov 30, 2014 6:51 pm

Companheiro Oliventino:
Concordando com aquilo que disse, creio no entanto que a "confusão" principal não reside nos "custos variáveis diretamente proporcionais à utilização".
A "confusão" que releva para aquilo que aqui discutimos é a que se tenta instaurar quando a FPA defende que nos locais de onde nos querem escorraçar injustificadamente (por pressão de quem?...) seja, para início de conversa, permitida a permanência de ACs durante um período de PELO MENOS 48 horas, e isto é depois "transformado" por alguns numa campanha tentando convencer-nos que a FPA está é a defender a discriminação negativa das ACs!...
E porque é que isto acontece?
Porque, por muito que custe admitir a alguns, a FPA representou de facto uma pedrada no charco.
Descontando o drama de o associativismo autocaravanista (tal como outros) ser em Portugal intrínseca e culturalmente muito débil (quer os clubes associados à FPA, quer os clubes associados a outras federações, federam em conjunto uma percentagem muito reduzida do n.º total de autocaravanistas nacionais), convém percebermos que há coisas que aconteceram do outro lado da barricada só porque a FPA surgiu. Na verdade, uma certa parte do universo campista sentiu-se forçada a reagir para não perder totalmente o comboio, assistindo-se desde então a uma tentativa de reinvenção das suas próprias instituições e estratégias funcionais.
Isso nada teria em si de negativo, não fora o facto de eu duvidar convictamente da impossibilidade de no fim casar interesses que são na sua matriz genética totalmente incompatíveis: de um lado está o legítimo e louvável interesse económico dos parques de campismo na rentabilização do seu negócio. Do outro está o legítimo direito dos autocaravanistas a praticarem, quando quiserem, a itinerância não campista.
Recorrendo a uma comparação bem entendível, convém não esquecer que a história já nos ensinou, por exemplo, que as religiões só se tornam tolerantes para com as outras à força de um poder superior que a tal as obrigue, como é o caso do estado laico. Aqui é a mesma coisa. Enquanto o universo campista tiver (como tem...) mais força "política" para "puxar a brasa à sua sardinha", o autocaravanismo itinerante vai estar sempre em desvantagem.
Ora, à medida que a estratégia "independentista" da FPA e dos clubes que a integram consegue diminuir esta desvantagem e marcar pontos, aumenta o desespero daqueles que defendem, na minha perspetiva de forma errada, que o autocaravanismo deve permanecer literalmente agarrado ao mundo campista. E é esta a verdadeira razão para a existência da tal campanha de "confusão" a que atrás me referi, que por isso gostaria de aqui ver claramente assumida ou defendida por quem o queira fazer para podermos, de seguida, proceder a um salutar e desejável contraditório ideológico sobre a matéria...
Henrique Fernandes
 
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Euroviajante » domingo nov 30, 2014 9:01 pm

Boa noite companheiros.

Quando resolvi adquirir uma AC, tive em mente, penso não ser único, adquirir uma viatura que me proporcionasse ser viajante itinerante rolando por essas estradas. Caso quisesse ficar estático muito tempo no mesmo local tinha continuado com a caravana. Assim, considero que devo ter o direito de ficar por períodos de tempo em locais que não seja proibida estacionar e/ou a pernoita. Como em outros países europeus o tempo de permanência de 48 Horas, em média, considero justo e ajustado a todos dependendo do número de lugares disponibilizados. Caso queira ficar mais tempo, recorro a parques de campismo ou parque de AC que permitem essa modalidade com os inerentes custos.
Todos temos de ter em mente que o fundamental é respeitar ( normas e os outros) para sermos respeitados. Permanecer nos estacionamentos e pernoitar não é o mesmo que estacionar a viatura e sair e dar uma volta pelas redondezas. Há aspetos a ter me mente quando estacionamos a nossa viatura, a segurança, a higiene e o tempo de permanência no mesmo local, não são só o facto de pagar impostos que chegam para dar certos direitos. Há normas legais e de conduta social que têm de ser respeitadas.
Para mim, considero importante, que a FPA, seja mais abrangente e mais representativa, diferindo do modus operante de outras congéneres, aceitando sócios individuais, representando os nossos anseios coletivos ( tipo Deco defende os consumidores), junto das entidades competentes.

Cumprimentos

Manuel Pereira
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Henrique Fernandes » domingo nov 30, 2014 9:51 pm

Caro Euroviajante:
Em relação à proposta de aceitação de "sócios individuais" pela FPA, fique sabendo que o assunto tem sido discutido.
Mas há prós e contras, como sejam por exemplo - e falo só deste - a dificuldade em criar os mecanismos para atribuir a esses eventuais sócios alguma representatividade que contrabalance o poder de voto dos clubes federados.
A verdade é que não há uma solução universal e consensualmente aceite pelas federações na Europa para este tipo de opção (muito rara), pelo que a melhor solução, na minha opinião, seria sempre a adesão dos autocaravanistas a clubes já existentes ou a formação, nas regiões da sua residência, de clubes locais (ex: CGA) que posteriormente se federariam.
Aliás, quando ouço a lengalenga de alguns outros companheiros que buscam eterna e comodamente uma perfeição que lhes sirvam à mesa, queixando-se de que ainda não encontraram um clube ou federação à medida do seu "karma" (!), sugiro-lhes igualmente que se deixem de lamúrias e que façam aquilo que eu e uma minoria de companheiros vimos fazendo há anos, de um lado e outro da barricada, com enorme sacrifício pessoal e familiar: formem clubes, participem, combatam, discordem, e deem o corpo ao manifesto, contribuindo construtivamente para o bem comum, seja lá isso o que for.
E não me venham com a conversa podre e habitual dos "tachos" e coisas parecidas, porque senão aí...
Bom, é melhor eu ficar por aqui, por respeito a todos os que deram ao autocaravanismo, seja ele itinerante ou campista, o muito de bom que apesar de tudo ele tem para oferecer.
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Oliventino » segunda dez 01, 2014 12:37 am

Boa noite.

Companheiro Henrique Fernandes, na msg anterior só respondi à frase do companheiro ahlagos.

Sobre este tema já escrevi muito há léguas atrás, (até captei antipatias), concordo na generalidade, principalmente que cada modalidade deve ser completamente independente,como também não há misturas entre sindicatos e associações patronais, é contranatura os empresários de infraestruturas fazerem parte das associações de utilizadores e não utilizadores, os seus clientes e não clientes.

Um exemplo, em 1975 havia o GITA - grémio dos industriais de transportes de aluguer, foi fraccionado extinguindo-se, e todas as novas associações independentes melhoraram e se especializaram nos seus segmentos. "fazei mais o que souberdes".
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Euroviajante » quarta dez 03, 2014 3:13 pm

Henrique Fernandes Escreveu:Caro Euroviajante:
Em relação à proposta de aceitação de "sócios individuais" pela FPA, fique sabendo que o assunto tem sido discutido.
Mas há prós e contras, como sejam por exemplo - e falo só deste - a dificuldade em criar os mecanismos para atribuir a esses eventuais sócios alguma representatividade que contrabalance o poder de voto dos clubes federados.
A verdade é que não há uma solução universal e consensualmente aceite pelas federações na Europa para este tipo de opção (muito rara), pelo que a melhor solução, na minha opinião, seria sempre a adesão dos autocaravanistas a clubes já existentes ou a formação, nas regiões da sua residência, de clubes locais (ex: CGA) que posteriormente se federariam.
Aliás, quando ouço a lengalenga de alguns outros companheiros que buscam eterna e comodamente uma perfeição que lhes sirvam à mesa, queixando-se de que ainda não encontraram um clube ou federação à medida do seu "karma" (!), sugiro-lhes igualmente que se deixem de lamúrias e que façam aquilo que eu e uma minoria de companheiros vimos fazendo há anos, de um lado e outro da barricada, com enorme sacrifício pessoal e familiar: formem clubes, participem, combatam, discordem, e deem o corpo ao manifesto, contribuindo construtivamente para o bem comum, seja lá isso o que for.
E não me venham com a conversa podre e habitual dos "tachos" e coisas parecidas, porque senão aí...
Bom, é melhor eu ficar por aqui, por respeito a todos os que deram ao autocaravanismo, seja ele itinerante ou campista, o muito de bom que apesar de tudo ele tem para oferecer.


Caro companheiro

Pensei em não lhe responder, mas atendendo que, infelizmente ninguém pega neste assunto, considero o fórum como um espaço próprio para debate, ninguém tem razão absoluta, das ideias de todos nasce a luz. Um fórum na net, contrariamente ao que alguns dizem, é um espaço privilegiado em que possamos exprimir as nossas opiniões que podem servir para alavancar decisões em outros níveis.

Considero que ao copiar o modelo da FPCM (Federação Portuguesa de Campismo e Montanhismo) a FPA está a ficar no mesmo "poleiro". Um auto-caravanista tem de ser sócio de um clube para ser federado, quiçá, até pagar quota e mais quota. Como diz o povo dois galos no mesmo poleiro não dá nada. Na minha opinião, perante as entidades, prevalece o mais antigo.

O que estou a falar é de algo diferente, tipo DECO, cada um pode ser sócio, ter a opinião consultada, caso necessário, Isto não impede que cada um possa pertencer a clubes regionais ou de outras afinidades.

Desculpe a minha "ignorância", para quê a necessidade de eu ser sócio de um clube, por exemplo, para ir a uma assembleias geral, votar braço no ar, para que esta me represente na discussão (exemplo) a necessidade de criação de uma área de serviço num determinado local ou outra matéria? Isto implica hoje em dia muito dispêndio de tempo, deslocar-me expor-me publicamente. Hoje há tecnologias que me permitem ficar em casa dar comodamente a nossa opinião diretamente à entidade representativa a qual através da sua estrutura orgânica tratará dos assuntos sem que haja reuniões com os representantes dos clubes, assembleias gerais etc, etc.

Como autocaravanista só vejo interesse numa representação se ela for reconhecida pelas entidades competentes, para que possa zelar pelas condições de apoio, pelas normas de estacionamento e circulação, auditar periodicamente sobre os espaços de parqueamento e emissão dos respetivos pareceres.

Os meus cumprimentos
Manuel Pereira
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Re: Autocaravanismo - as raposas e o galinheiro

Mensagempor Henrique Fernandes » quarta dez 03, 2014 5:31 pm

Caro Euroviajante:
Os problemas que se colocam em relação ao pressuposto da representação dos autocaravanistas a título individual, bem como em relação à função e modelo operacional dos clubes e da FPA são, entre outros, os seguintes:
1 - A FPA, ao contrário do que afirmou, não copia em nada o modelo da FCMP. Na FPA não há qualquer tipo de remuneração pelas funções exercidas, não há funcionários, não há uma estrutura "pesada", etc. Todas as pessoas que colaboram com a FPA fazem-no a título totalmente gratuito e voluntário. Ninguém está registado na Segurança Social, ninguém declara rendimentos por essa via, e por aí fora. Ou seja, estamos a falar de altruísmo total, razão aliás pela qual somos muitas vezes pejorativamente acusados de "amadorismo". A única recompensa que temos pelo nosso trabalho são chatices...
2 - Nos clubes, tanto quanto sei, é exatamente o mesmo. Se contabilizar, por exemplo, o combustível e portagens que paguei do meu bolso para presidir este último fim-de-semana à assembleia geral ordinária da FPA, em São João de Lampas, perto de Lisboa (vivo na Guarda...), os telefonemas, as dezenas de deslocações que faço em cada ano às autarquias do distrito para implementar e acompanhar a edificação das diversas AS, etc., calculo que gasto à minha conta mais de mil euros/ano (!!). Só para que saiba, a sinalética colocada na via pública para indicar a localização da AS da Guarda, no Pólis, custou-me em junho/2012 a módica quantia de 540,40 euros, porque a autarquia se recusou a pagar "por falta de verba" ... Calculo que desde que cheguei ao autocaravanismo institucional, por volta de 2010/2011, já terei derretido, em todo o tipo de despesas, entre 5 e 10 mil euros a título gracioso, em defesa da causa. Isto passa-se infelizmente com muitos outros companheiros, porventura a níveis menos intensos do que o meu (ou não...), no CGA e noutros clubes, onde de facto somos poucos a dar o litro pela causa, tantas vezes à custa de muita incompreensão geral.
3 - Não sei qual o modelo de financiamento da DECO, mas recordo-me de há uns anos ter recorrido aos seus serviços e ter sido "chutado para canto" por não ser sócio e não estar quotizado. A verdade é que estas coisas têm custos e o pessoal que trabalha na DECO é pago, ao contrário dos "trabalhadores" da FPA. A DECO é uma organização do tipo profissional, a FPA só o será quando o nível de associativismo, de organização, de quotização, etc., permitir, por exemplo, a contratação de juristas para apoio às nossas necessidades. Trata-se por isso de duas situações não comparáveis.
4-Quanto à história de ter que se pertencer a um clube para se ser federado, é assim em todo o lado, segundo julgo. Imagine o companheiro o que diriam os sócios do CAS, do CAI e do CGA, que pagam quotas, se agora o companheiro chegasse à FPA e adquirisse de imediato o estatuto de associado, para mais sem pagar quotas, e também tivesse direito a botar faladura e a votar... Estaríamos perante a perversão completa do sistema de representatividade. É por isso que a FPA pondera vir a criar no futuro uma espécie de "estatuto de observador", mas ainda assim, porque a legislação o impõe, apenas para entidades ou clubes, nunca para pessoas singulares. Contudo, essas entidades e clubes ficarão sem direito de voto, porque é a lei que impede que se possa ter ao mesmo tempo sol na eira e chuva no nabal...
Penso que está assim respondida a sua preocupação com o "dispêndio de tempo", o ter de se "deslocar" e o ter de se "expor publicamente". A ironia é que é isso mesmo que alguns fazem, há anos, com grande sacrifício pessoal e familiar, para defenderem a sua liberdade de autocaravanista e também a minha!
Quanto às "tecnologias que me permitem ficar em casa e dar comodamente a minha opinião diretamente à entidade representativa a qual através da sua estrutura orgânica tratará dos assuntos sem que haja reuniões com os representantes dos clubes, assembleias gerais etc, etc.", também as utilizo sempre que posso, mas infelizmente são apenas uma parte limitada da solução. Como não vivemos na Disneylândia e há obrigações legais a respeitar (por exemplo, não existe substrato legal para a realização de assembleias gerais por videoconferência...), alguém tem mesmo de sofrer e de dar o corpo ao manifesto...
Espero ter conseguido responder satisfatoriamente às suas dúvidas.
Henrique Fernandes
 
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